Economia
Alta dos combustíveis, energia e carne responde por mais da metade da inflação, mostra pesquisa
Levantamento aponta que IPCA acumulado em 12 meses estaria em 4,37% se excluídos combustíveis, energia e carne.
A inflação oficial do país tem como grandes vilões os combustíveis, a energia elétrica e a carne. Segundo um levantamento do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), o peso desses itens no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) representa quase 50%.
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No acumulado em 12 meses até agosto, o IPCA chegou a 9,68%. Descontados gasolina, etanol, diesel, gás de botijão, energia elétrica e carnes vermelhas, o índice estaria em 4,37%, dentro da meta estabelecida pelo governo federal para 2021.
“A inflação está concentrada em itens que são do consumo cotidiano das famílias e essa inflação claramente penaliza mais a baixa renda”, explica o economista e professor Robson Gonçalves, responsável pelo estudo.
O aumento no nível dos preços medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 10,42% no acumulado em 12 meses até agosto para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Caso o preço desses itens tivesse se mantido estável, o INPC para esse grupo estaria em 4,91%.
“Essa inflação tem um aspecto que é difícil fugir dela. E a implicação disso que é que outros itens acabam sendo sacrificados para que se consiga pagar conta de energia, o botijão de gás, e assim por diante”, completou.
Gasolina e energia
Entre os mais de 400 itens e subitens analisados pelo IBGE para compor o índice, a gasolina e a energia elétrica são alguns dos que tem maior peso. O combustível representa 5,98% na taxa, enquanto a energia elétrica responde por 4,81%.
É por esse motivo que a disparada desses elementos impacta tanto na inflação do país e na perda do poder de compra do brasileiro.
“Os itens que mais estamos vendo aumento de preços são incompressíveis, ou seja, não tem como fugir deles. Você tem uma possibilidade de economia de energia elétrica muito limitada. Um motorista de aplicativo tem uma possibilidade quase nula de redução do consumo de gasolina ou etanol. As famílias têm uma possibilidade quase nula de redução de consumo de gás de cozinha”, disse o pesquisador.
Cesta básica dispara
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço da cesta básica de alimentos atualmente corresponde a 65,32% dos ganhos mensais de famílias com renda de um salário mínimo.
“Num contexto de aumento da energia elétrica, do botijão de gás e dos combustíveis, o consumidor acaba cortando a carne bovina por duas razões: primeiro porque está cara e, segundo, porque está sobrando menos dinheiro mesmo”, completou.
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