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Economia

Após ‘apagão’ de redes sociais, Ibovespa digere ‘bomba offshore’

Blecaute na web derruba ações de tecnologia pelo globo; PGR investigará Guedes e Neto

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Crédito: BBC News

Menos de um dia após o ‘apagão feicebukiano” – que derrubou em 4,9% as ações da rede social, levando junto o Dow Jones, com perdas superiores a 300 pontos, enquanto o Standard & Poors (S&P) caía 1,3% e o Nasdaq perdia 2,1% – os índices futuros ianques ensaiam, nessa terça-feira (5), leve recuperação, enquanto o mercado continua a especular sobre o ritmo de redução da injeção bilionária de liquidez (US$ 120 bilhões/mês) na economia estadunidense pelo Federal Reserve (Fed).

Gigantes tropeçam – A crise precipitada pela empresa, que é sinônimo de rede social, também atingiu outras gigantes do setor de tecnologia, como Apple, Amazon, Microsoft e Alphabet (dona do Google.com), que amargaram perdas acima dos 2% na véspera (4).

Ásia mista – Relegada ao plano secundário, das atenções do mercado, a crise imobiliária chinesa continua fazendo estragos entre as bolsas asiáticas, que apresentaram desempenhos díspares, nessa terça (5), em que o Nikkei japonês desceu 2,19%; o Kospi sul-coreano recuou 1,89%, mas o Hang Seng de Hong Kong avançou 0,28%; com o mercado chinês permanecendo fechado, por conta de feriado local, o que não impediu que as ações da PetroChina subissem 7,59%, como reflexo da recuperação recente dos preços do petróleo, que atingiu o maior patamar, desde janeiro do ano passado.

Petróleo reage – A melhoria da commodity ocorre depois da reunião, ontem (4) dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) – que inclui a Rússia – acordarem em manter, em 400 mil barris/dia o acréscimo de produção de petróleo para novembro próximo, o que turbinou as ações de petroleiras no continente asiático.

Stoxx 600 sobe – Já no ‘velho continente’, o índice Stoxx 600 – formado pelas ações de 600 empresas dos principais setores de 17 países – subia 0,3%, ajudado pelos ganhos dos bancos (1%), em contraponto às perdas de 0,4% das ações do setor de construção civil.

‘Bomba offshore’ – Voltando a atenção para Pindorama, o mercado brasilis ainda precifica os danos provocados pela ‘bomba offshore’, como referência à reportagem-denúncia publicada no último domingo (3) pela revista Piauí, com base em informações do projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), intitulado ‘Pandora Papers’.

Mapa da mina – A publicação mostra que o ministro Paulo Guedes possui hoje R$ 51,5 milhões na conta de sua offshore (Dreadnoughts International), aberta há sete anos, enquanto o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto teria mantido, até o segundo semestre de 2020 (2S20), uma conta offshore de US$ 1 milhão nas Ilhas Virgens Britânicas.

Demissão justa – A reação do Parlamento foi imediata, em que muitos líderes, calcados no artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, chegaram, inclusive, a pedir a demissão da dupla de investidores ‘vips’ chapa-branca. Fora do Congresso, ainda ontem (4), a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de investigação sobre o caso envolvendo ambas as autoridades federais, com o objetivo de “apurar se autoridades brasileiras teriam mantido contas com algum indício de irregularidade em paraísos fiscais”.

Mais uma pizza? – A ideia, acrescenta a PGR, é “verificar se essas pessoas (Guedes e Neto) teriam alguma limitação, em função dos cargos que ocupam, de manter essas contas (offshore). Mas, para que, tanto o ministro quanto o xerife da moeda sejam, de fato, investigados, a Procuradoria federal teria de pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito, caso haja indícios de crime. A pizza está no forno.

Nobreza não escapa – O mapa dos paraísos fiscais, mostrado pelo ICIJ, ao redor do mundo, não poupou, nem mesmo, a ‘nobreza’, como é o caso do rei Abdullah da Jordânia, e do primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, ambos associados ao presidente russo, Vladimir Putin.

‘Na lei e na ética’ – Aparentemente ignorando a gravidade da situação, o Ministério da Economia vem repetindo o mantra-álibi, de que o titular da pasta, antes mesmo de assumi-la, havia declarado o investimento externo à Receita Federal, bem como à Comissão de Ética Pública e demais órgãos competentes, acrescentando que todas as ações de Guedes ‘pautaram-se’ na legislação e na ética.

Em causa própria – Em contraponto, a suspeição do comandante da economia nacional é flagrada quando do apoio deste à exclusão de dispositivo legal que previa a taxação das offshores, no contexto da reforma do Imposto de Renda, ainda em curso no Legislativo. Mais que isso, sua offshore lucrou pelo menos 40% com a alta do dólar, desde o início do governo atual. Também seguindo o modelo de resposta ‘tecnocrática’, Campos Neto reafirmou a lisura de seu patrimônio, construído ao longo da carreira.

CPI na fita – No Congresso, o líder da oposição, Alexandre Molon (PSB-RJ) considerou o caso ‘gravíssimo’, para quem Guedes já deveria, à essa altura, ter sido demitido. “Entramos com requerimento de convocação do ministro Paulo Guedes, para que ele venha à Câmara dos Deputados tentar se explicar”, disparou. Ao mesmo tempo, crescem as articulações em torno da criação de uma CPI para averiguar as irregularidades, eventualmente cometidas pelos dois homens públicos.

Fundo de intervenção – No paralelo, Guedes revelou – em evento do Tribunal de Contas da União (TCU) – que o governo estuda a criação de um fundo de estabilização de preço dos combustíveis, mediante o uso de ações da estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) ou aquelas que o BNDES tenha na Petrobras. Discurso socializante pré-eleitoral do neoliberal de carteirinha.

‘Despesas não-recorrentes’ – Sobre a restrição ao teto de gastos, o ministro, no mesmo evento, argumentou que “essa regra foi criada para impedir que o Estado cresça demais, mas também levanta questionamentos em decisões envolvendo despesas não-recorrentes, sobre as quais a União não tem controle, como precatórios e ações que afetem o patrimônio estatal”.

Contra o auxílio – Ecoando a posição manifestada, dias antes, pelo secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, Campos Neto comentou que “o país precisa virar a página em programas que adotou para o enfrentamento à pandemia”, numa crítica direta à extensão do auxílio emergencial.

Expectativas ancoradas – Ao ressaltar a importância da ‘sustentabilidade das contas públicas’, o xerife do BC defendeu a necessidade do avanço das reformas, como ‘sinalizador fiscal’ relevante para o controle da inflação, que deverá atingir, segundo ele, a meta para 2022. Para o mercado, repetiu que levará a Selic ‘onde for necessário para ancorar expectativas’, pois, na sua avaliação, o pico inflacionário foi atingido em setembro último.

ICMS único – Ainda sobre os combustíveis, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, acentuou que ‘estão em fase preliminar’ as conversas para a criação, via PEC (Projeto de Emenda Constitucional) de um valor fixo para o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que já enfrentaria resistências no Senado, onde os governadores exercem maior poder político. De qualquer sorte, a iniciativa carece da identificação clara da fonte de financiamento.

Produção industrial – Na agenda do dia, destaque para a divulgação da produção industrial nacional em agosto, com previsão de recuo de 0,4% (consenso Refinitiv), se comparado ao mês anterior; nos Estados Unidos, a secretária do Tesouro Janet Yellen, concede entrevista sobre o teto da dívida fiscal.

Principais indicadores

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,34%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,38%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,53%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,66%
*Dax (Alemanha), +0,41%
*CAC 40 (França), +0,78%
*FTSE MIB (Itália), +1,21%

Ásia

*Nikkei (Japão), -2,19% (fechado)
*Shanghai SE (China), (não abriu)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,28% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -1,89%

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +0,28%, a US$ 77,86 o barril
*Petróleo Brent, +0,47%, a US$ 81,64 o barril
*Bitcoin, +5,35%, a US$ 50.249,12
*Sobre o minério de ferro: **A bolsa de Dalian permaneceu fechada por conta de um feriado.
USD/CNY = 6,45

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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