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Commodities

Auxílio emergencial aumenta consumo de frango e ajuda Brasil a suportar custos, diz ABPA

Maior parte da produção do Brasil, maior exportador global de carne de frango, é consumida localmente.

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O auxílio emergencial aprovado pelo governo do Brasil para enfrentamento da pandemia, chamado de “coronavoucher”, juntamente com as fortes exportações estimuladas pela demanda da Ásia, auxiliaram a indústria de frango do país a lidar com um salto nos custos com milho e farelo de soja, afirmou nesta quinta-feira Francisco Turra, presidente do conselho consultivo da associação ABPA.

O “coronavoucher nos permitiu suportar os encargos” da alta das matérias-primas para ração, já que o consumo interno de frango subiu, disse Turra.

O preço do milho, principal componente de custo, dobrou na comparação o ano passado, para um nível recorde de mais de 80 reais a saca, lembrou o executivo.

Ainda que o Brasil seja o maior vendedor global de carne de frango, a maior parte da produção é absorvida domesticamente.

Segundo estimativa de Turra feita durante sua apresentação no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), o consumo per capita de carne de frango pode crescer para 45 quilos, contra 42,84 quilos/habitante no ano passado.

Se esse cenário se confirmar, seria o maior consumo per capita desde 2011, quando chegou a 47,38 quilos, igualando o patamar de 2012, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A indústria ultrapassou os desafios da pandemia também com o auxílio do câmbio, acrescentou ele, o que ajudará o Brasil a aumentar os embarques de carne de aves em 2020 em 2% frente a 2019.

Turra disse ainda que as maiores vendas têm auxiliado o setor a aumentar os investimentos, sendo por meio de expansões ou novas fábricas.

Se o Brasil exporta 37% de tudo que o mundo exporta de carne de frango, isso se deve muito aos bons padrões sanitários, explicou.

Importância asiática

Embora o Brasil não seja líder em carne de porco como é no frango, vai embarcar 40% mais de suínos este ano, com a China elevando as compras para amenizar problemas de oferta causados pela redução de seu rebanho pela peste suína africana.

Também no painel do Enaex, o professor sênior de Agronegócio e coordenador do Centro Insper Agro Global, Marcos Jank, afirmou que a agropecuária do Brasil vai embarcar em nível correspondente a 100 bilhões de dólares, com a China elevando sua participação nas exportações brasileiras de 34% para 40% em 2020, apesar da pandemia.

Os embarques para a China devem crescer entre 6 bilhões a 7 bilhões de dólares, disse Jank, destacando a importância e o potencial de países asiáticos, como a Índia.

“Em plena pandemia, estamos com demanda estável, lembro que nos primeiros dias da pandemia as pessoas achavam que estávamos de volta a 1930, mas não aconteceu isso, o mundo precisa do Brasil”, afirmou o professor, citando a ajuda do câmbio nas exportações.

Jank destacou ainda as melhorias na logística para o escoamento da produção agropecuária, apontando a saída pelo Norte do país, bem como o crescimento de transporte de cargas pela ferrovia Norte Sul, que “estará operacional de ponta a ponta” em 2021.

Além disso, ele ressaltou o fato de a China ter lidado com a pandemia mais cedo, bem como o prejuízo da peste suína no país asiático e a guerra comercial com os EUA, fatores “conjunturais” que exigem que o Brasil esteja pronto, porque “daqui a três anos eles não mais existirão”.

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