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Azul pode abrir mão de pacote do BNDES para companhias aéreas, diz presidente

Companhia acredita que, passados cinco meses de pandemia, o pacote de socorro do BNDES ao setor aéreo, tão prejudicado durante a crise, já não é tão vital.

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A companhia aérea Azul pode abrir mão do pacote de socorro para o setor, que está sendo planejado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo o presidente-executivo da companhia aérea, John Rodgerson.

Em entrevista à agência Reuteurs, o executivo disse que o conselho de administração da companhia deve se reunir nesta semana para decidir vai aderir ao pacote.

Para Rodgerson, como já se passaram mais de cinco meses do agravamento da Covid-19 no Brasil, o pacote de socorro do BNDES ao setor aéreo, que foi um dos mais duramente atingidos pela crise econômica decorrente da pandemia, já não é tão vital.

“No final, a demora para o pacote foi até útil, porque conseguimos renegociar 98% das nossas dívidas, não teremos nenhum vencimento importante até o segundo semestre de 2021 e estamos nos tornando uma empresa muito mais eficiente”, afirmou o executivo. “Se eu tivesse certeza de que as coisas vão continuar evoluindo como agora, não precisaríamos do pacote”, acrescentou.

De acordo com o presidente da Azul, em caso de necessidade, a companhia avalia que pode conseguir condições melhores numa linha de crédito prudencial, com condições mais atrativas do que as ofertadas pelo BNDES.

O BNDES ainda define detalhes do pacote, que pretende oferecer à Azul, Gol e ao braço no Brasil da Latam um crédito de 2 bilhões de reais cada. O prazo para pagamento do empréstimo seria de até 5 anos, com taxa equivalente a CDI+4%, por meio de um instrumento financeiro híbrido que permitira ao banco converter parte do valor em ações das empresas.

A companhia, que no fim de junho tinha 14,2 bilhões de reais em obrigações de arrendamentos, 2,2 bilhões de reais em notas seniores globais, 2,1 bilhões em empréstimos bancários e 693 milhões em debêntures locais, afirmou que conseguiu estender os vencimentos de 98% de suas dívidas.

Apesar disso, as agências de classificação de risco S&P e Fitch cortaram o rating da aérea, considerando-a perto do risco de default.

Para Rodgerson, as agências de rating estão sendo excessivamente rigorosas em suas avaliações, considerando não só a renegociação das dívidas da companhia, mas o fato de ela estar se recuperando operacionalmente e se tornando mais eficiente. “Vamos provar que elas estão erradas”, afirmou.

De acordo com o executivo, a queima de caixa diária média de 3,5 milhões de reais prevista para este segundo semestre está em um nível controlado considerando os efeitos da crise e bem abaixo dos patamares de companhias aéreas comparáveis no exterior.

Além disso, segundo Rodgerson a empresa vem gradualmente retomando seu ritmo operacional, e em outubro, deve chegar a 500 voos diários, com 88 das 120 rotas que estavam operacionais antes da pandemia. Em boa parte dos casos, a Azul vem usando aeronaves menores para executar as rotas, e melhorando os níveis de ocupação dos jatos por meio do acordo de code share com a rival Latam.

A empresa também tem aliviado as perdas da receita total por meio de crescente faturamento no negócio de carga, com impulso dos volumes de encomendas para comércio eletrônico. De acordo com o executivo, no mês de julho, a Azul teve um aumento de 48% das receitas com transportes de cargas sobre mesma etapa de 2019.

Mantido o atual ritmo de recuperação, Rodgerson prevê que a companhia voltará a dar lucro já no ano que vem. “Voltaremos a ser rentáveis em 2021”, concluiu.

As ações preferenciais da Azul fecharam em alta de 2,28%, a 22,88 reais, na bolsa paulista na sexta-feira, 28, enquanto o Ibovespa subiu 1,51%. Entretanto, no ano, os papéis acumulam queda de 60,74%, contra declínio de 11,68% do Ibovespa.

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