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Economia

Candidatas a IPO preferem bancos locais

Das cinco instituições financeiras que lideram o ranking de coordenadores em volume de negócios atualmente, quatro são nacionais.

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Empresas interessadas em listar suas ações na bolsa de valores do Brasil, operação que tem registrado em alta significativa este ano apesar da pandemia, estão procurando instituições nacionais para coordenar suas operações. O movimento pode marcar o fim da busca por bancos de investimento globais como único destino para um IPO.

Segundo a Refinitiv, das cinco instituições financeiras que hoje lideram o ranking de coordenadores em volume de negócios, quatro são nacionais, sendo elas Itaú Unibanco, Bradesco, XP Inc. e BTG Pactual. A quinta é o Bank of America.

Ano passado, quatro dos cinco principais eram grandes bancos globais: Bank of America, Credit Suisse, Citi e HSBC. Somente o Banco do Brasil figurava entre eles.

Mesmo com a transformação acentuada, especialistas do setor alertam que é muito cedo para se decretar uma mudança estrutural no mercado de IPOs.

Os principais fatores por trás dessa recente tendência incluem a crescente participação dos investidores domésticos nos IPOs e também os relacionamentos dos bancos locais com uma nova geração de empresas que acessa o mercado de capitais, apontam especialistas do setor.

No Brasil, os investidores estão enchendo seus portfólios de ações recentemente, ao passo que as taxas de juros recuaram para níveis históricos, tornando os investimentos em renda fixa menos atraentes.

Cerca de 38% do dinheiro dos IPOs brasileiros neste ano foi de investidores estrangeiros, ante 57% há dois anos e abaixo da média histórica de 60% desde 2007.

“Os investidores locais estão migrando para ações e os gestores de fundos estão tendo dificuldade em encontrar ações da empresa para comprar”, afirmou Pedro Mesquita, sócio da XP.

Um exemplo é que, quando a Méliuz começou a planejar um IPO recentemente, a empresa de cashback poderia ter optado por bancos globais, como JPMorgan Chase, Morgan Stanley e Goldman Sachs, todos com escritórios no Brasil. Contudo, a escolha foi pelo BTG Pactual, Bradesco, XP e Itaú Unibanco.

Mas os bancos globais provavelmente ainda serão escolhidos como destino certeiro para IPOs de grande porte e devem obter mandatos importantes até o final do ano, acreditam especialistas da área. Operações multibilionárias como as da seguradora Caixa Seguridade, da rede de hospitais Rede D’Or e da varejista Havan, por exemplo, serão coordenados por bancos internacionais e locais.

“Os bancos locais costumam ter relacionamentos comerciais com empresas menores que crescem e atingem o porte necessário para um IPO, mas isso não significa que os bancos globais não liderarão em termos de volume até o final do ano”, afirmou Fabio Medeiros, managing director no Morgan Stanley, em São Paulo.

IPO no Brasil

Este ano deve ser o maior ano de oferta de ações no Brasil desde 2007, já que treze empresas já fizeram sua estreia e mais de 40 outras já entraram com pedido para seus IPO’s.

Até agora, as empresas levantaram 3,1 bilhões de dólares, 113% a mais que no mesmo período do ano anterior, nos 13 IPOs – superando os IPOs globais, que têm alta de 20%, apontam dados da Refinitiv.

A título de comparação, na Índia houveram 21 IPOs, mas eles levantaram 1,7 bilhão de dólares, recuo de 22,8% em relação ao ano anterior, ao passo que na China 328 negócios levantaram 52,4 bilhões de dólares, mais que o dobro em relação ao ano anterior.

Os quatro bancos domésticos que lideram o ranking de IPOs de empresas brasileiras responderam por 54,3% do volume dessas ofertas iniciais. Muitas das empresas dessa nova onda de IPOs vêm de lugares distantes do tradicional corredor comercial São Paulo-Rio, onde bancos globais geralmente não têm escritórios.

“Por muito tempo, a bolsa brasileira girou em torno de commodities e bancos”, disse Alessandro Farkuh, chefe da área de banco de investimento do Bradesco.

“Agora existem empresas de diferentes setores, do puro e-commerce a negócios de varejo mais regionais. Os bancos nacionais conhecem todas essas empresas”, acrescentou.

Mais competição

No início de 2020, a construtora familiar Moura Dubeux contratou cinco bancos para seu IPO, dos quais quatro eram domésticos e em três ela era credora. O único banco global escolhido foi Credit Suisse, que é o banco que gere os recursos da família proprietária da empresa.

O presidente da Moura Dubeux, Diego Villar, falou sobre o motivo da escolha. “Percebi que a maioria dos meus investidores seriam brasileiros e acho que os bancos locais atingiram um padrão global para coordenar ofertas de ações.

Os bancos domésticos foram se posicionando para a recente mudança no cenário de oferta de ações, disse o diretor global de banco de investimentos do Itaú BBA, Roderick Greenlees,

“Os bancos brasileiros perceberam que haveria uma demanda crescente por serviços de mercado de capitais e contrataram mais banqueiros nos últimos anos”, destacou.

O Brasil tem sido tornado um mercado cada vez mais competitivo com essa disputa, e as comissões médias pagas para os bancos em IPOs no ano passado foram de 3,3%, frente a 4,4% nos Estados Unidos, apontam dados do Dealogic.

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