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Gol e Azul: Apostar nas ações das aéreas voltou a ser um bom negócio?

Ações da Gol avançaram 200% de março até setembro, enquanto as ações da Azul cresceram 100%.

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Gol e Azul

Na ocasião da convenção anual da holding Berkshire Hathaway, adaptada para uma edição online, o bilionário e fundador da Berkshire, Warren Buffett, surpreendeu os presentes informando que vendeu todas as ações das companhias aéreas que a sua empresa administrava. “Cometi um erro ao comprá-las”, afirmou. 

No final de 2019, a Berkshire Hathaway totalizava cerca de US$ 8 bilhões em participações nas American Airlines, Delta, United e Southwest. Contudo, a pandemia acarretou a queda livre dos negócios na área. Portanto, sem enxergar perspectivas para retomada, em abril, o empresário decidiu sair desse negócio. “O mundo mudou para as companhias aéreas, e desejo a elas boa sorte”, disse.

No entanto, o que a atitude influencia em quem investe na B3, a bolsa brasileira? A princípio, é importante lembrar que Buffett é um popular investidor conservador. E as pessoas com perfil similar não costumam aplicar no setor aéreo, mas, caso arrisquem, a participação em carteira é restrita. 

O motivo para o pragmatismo é a natureza do negócio, altamente complexo, começando pelo custo fixo alto. Somente a despesa com combustível significa um terço dos custos operacionais, com o avião cheio ou praticamente vazio. Outro terço representa o gasto com pessoal e leasing (aluguel das aeronaves). A margem de lucro é mínima, o que exige volume. 

Além disso, a aviação está sujeita a elementos que ultrapassam as habilidades da gestão. São alguns deles, a variação cambial do dólar, valor do combustível e circunstâncias inesperadas, por exemplo, uma pandemia. “Além do custo fixo elevado, a aviação exige mão de obra superespecializada, o que na crise torna difícil dispensar profissionais para recontratar quando as coisas melhoram”, complementa o diretor de relações institucionais da Azul, Marcelo Bento Ribeiro. 

Entretanto, mesmo com a volatilidade, o setor aéreo nunca deixou de atrair investidores. A questão sempre foi balancear os fundamentos da empresa, avaliar os movimentos do mercado e localizar o momento mais propício para comprar ações dela. No Brasil, após a falência da Avianca, ficaram três grandes companhias – Latam, Gol e Azul. Contudo, somente a Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) estão com capital aberto na B3. 

Anterior à pandemia, ambas operavam alavancadas, em meio às dívidas elevadas. Em uma perspectiva, isso expande as oportunidades de elevar o faturamento bruto, por outra, expõe a companhia a maiores riscos. “Elas vinham bem, melhorando resultados há um tempo e com ações próximas das máximas históricas”, destaca analista da Guide Investimentos, Luis Sales.

Porém, a pandemia fez com que os negócios aéreos caíssem. Em abril, os voos domésticos caíram 93% e os internacionais 96%. No período da quarentena, as empresas contraíram 80% do valor de mercado. A ação da Azul caiu 83,4% e a ação da Gol despencou 85,6% no preço.

Agora, imagine quem tinha R$ 10 mil aplicados em março e, em menos de 30 dias, os viu tornar R$ 1,6 mil. No cenário, quem não tem sangue-frio e confiança na recuperação perde. Por outro lado, os que foram às compras e investiram nas aéreas, em março, viram a valorização. 

As ações da Azul avançaram 100% de março até setembro, enquanto as ações da Gol cresceram 200%. Ainda assim, os números estão distantes do pré-pandemia. A Azul fechou o segundo trimestre de 2020 com prejuízo de R$ 2,9 bilhões e a Gol em R$ 1,9 bilhão.

Depois da renegociação com credores e colaboradores, as companhias asseguram a liquidez para suportar, pelo menos, 12 meses de turbulência. Além disso, elas destacam a recuperação por meio do perfil estratégico de suas frotas. No entanto, aos que desejam investir em ações da Gol e Azul, é necessário redobrar a atenção. Ainda que a média de voos diários estejam aumentando, de maneira geral, o cenário é nebuloso.

A agência de classificação de risco Fitch diminui a nota de longo prazo dessas companhias, sendo que a Azul foi de “B-” para “CCC” e a Gol, de “B-” para “CCC-”. Até o final de 2020, as companhias estimam dobrar a operação atual, retornando a 80% de voos realizados em 2019. E a projeção de 100% fica para o segundo trimestre de 2021.

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