Conecte-se conosco

Economia

“Nós temos um pensamento muito parecido”, diz Campos Neto ao negar divergência com Guedes

Presidente do BC reforçou preocupação comum com fiscal do país.

Publicado

em

O  ministro da Economia, Paulo Guedes, e presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmaram não serem reais os boatos de divergências surgidos após uma fala do ministro na véspera.

De acordo com o jornal Valor Econômico, Guedes explicou que sua declaração do dia anterior não tinha sido direcionada a Campos Neto, e sim para a imprensa, que havia questionado o ministro sobre credibilidade e relacionando o assunto à fala do presidente do BC.

Já Campos Neto afirmou, durante entrevista ao SBT veiculada na noite de quinta-feira, que sua preocupação com a importância de o Brasil passar a mensagem de disciplina fiscal acompanha a visão do próprio Paulo Guedes e de seu time.

“Nós temos um pensamento muito parecido”, disse Campos Neto, um dia após Guedes criticar comentários de que o país precisa de um plano que indique aos investidores atenção com o curso da dívida.

O ministro disse a jornalistas na quarta que o presidente do BC deveria ser questionado se tem uma estratégia melhor para o país. “Pergunta qual o plano dele para recuperar a credibilidade. O plano nós já sabemos qual é, nós já temos”, disse Guedes na ocasião.

“Eu estava ecoando uma preocupação que havia sido dita pelo ministro, que é uma preocupação de que não podemos achar uma saída que seja uma saída que gere um gasto fiscal permanente, que gere um gasto fiscal alto. É importante estar dentro do teto de gastos. É importante passar uma mensagem de disciplina fiscal”, afirmou Campos Neto.

Ele também disse que havia conversado na manhã de quinta com Guedes sobre o tema, o que também foi referenciada pelo ministro.

Sobre comentário recente do ministro de que o país poderia sofrer hiperinflação se não se atentasse à questão fiscal, Campos Neto disse que a declaração pode ter sido tirada de contexto, mas que, de fato, haveria o risco de uma “desorganização de preços”, com mais degradação do câmbio, elevação da curva de juros e do prêmio de risco.

“A gente pode interpretar que se, de fato, a gente não conseguir aplicar um sistema de disciplina fiscal em que a gente tem uma convergência da dívida no longo prazo… nós podemos, sim, caminhar para uma desorganização de preços”, avaliou.

O presidente do BC também voltou a falar sobre a inflação, reiterando que a visão de que a pressão recente é resultado de componentes que tendem a ser passageiros, sendo elas a desvalorização do câmbio, uma alta nos preços das commodities, um aumento dos preços da alimentação em domicílio e o auxílio emergencial.

Campos Neto reiterou também que o BC está preparado para agir no câmbio se houver disfuncionalidade no mercado no final do ano, em meio a fluxos ligados ao desmonte de posições de “overhedge” ou de saída de recursos de estatais direcionados à aquisição de ativos no exterior.

O processo de desvalorização do câmbio neste governo teve fases diferentes, a princípio com uma queda dos prêmios de risco, com empresas escolhendo trocar dívida em dólar por dívida doméstica, explicou o presidente do BC. Em um segundo momento, o real refletiu os efeitos da valorização global da moeda norte-americana e, depois, se descolou, sofrendo perdas maiores, acrescentou.

“É uma fase que, na verdade, está espelhando um prêmio de risco maior, que em grande parte é o fiscal”, disse.

Os preços de commodities como milho e soja já começaram a recuar, lembrou Campos Neto, que também destacou a valorização recente do real. “O câmbio também, chegou a bater em 5,70 (reais por dólar), 5,80, voltou aí para a faixa de 5,30-5,35, a gente observa isso, sempre lembrando que o câmbio é flutuante”, afirmou.

Publicidade
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

MAIS ACESSADAS