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Obstáculos para que o Fed aumente os juros seguem pouco claros

Pontos que devem ser cumpridos antes do aumento da taxa de juros levantam questões sobre o que significarão na prática.

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Na quarta-feira o Federal Reserve definiu três pontos que devem ser cumpridos antes do aumento da taxa de juros, e pode levar anos até que a economia norte-americana alcance qualquer um deles, indicam novas previsões divulgadas pelo Fed.

Os três pontos são: a economia precisa estar no “emprego máximo”, a inflação tem que “ter saltado a 2%” e deve estar “no caminho certo para exceder moderadamente a marca de 2% por algum tempo”.

Contudo, grande parte das autoridades projeta que a inflação só chegará a 2% em 2023, com o desemprego ainda acima dos níveis anteriores à crise.

Dessa forma, já existem questionamentos sobre o que esses obstáculos ao aumento dos juros representarão na prática.

Emprego máximo

A economia está “longe” de cumprir esse ponto e ele “adoraria” retornar à taxa de desemprego pré-crise de 3,5% ou menos, frente ao nível atual de 8,4%, disse o chair do Fed, Jerome Powell.

Mas Powell também afirmou que não há “nenhum número mágico” definindo que seria isso, e ainda citou uma série de outras referências que o Fed precisaria alcançar, incluindo alta participação da força de trabalho e crescimento dos salários.

Na opinião de economistas do Barclays, a falta de precisão para medir o emprego máximo, meta que o Fed determinou apenas no mês passado para enfatizar em uma reformulação de sua estrutura operacional, “torna o patamar do pleno emprego sem sentido”.

Na prática, isso significa que “o Fed vai contar com pressões inflacionárias para indicar quando o emprego máximo foi obtido”, explicaram os economistas.

Consolidar meta de inflação

O chair do Fed disse que para enfrentar a barreira do crescimento da inflação a 2%, não seria o bastante vê-la apenas ficar a 2% por apenas um mês e depois recuar. “A ideia de que buscaríamos a saída mais rápida não é quem somos”, afirmou.

Porém, ele não explicou nem quantos meses de inflação de 2% serão suficientes, nem tampouco como o banco central conseguiria isso.

De acordo com Randall Kroszner, vice-reitor da Booth School of Business da Universidade de Chicago e ex-funcionário do Fed, a visão é muito sensata, “mas me preocupa que eles pensem que isso agora fará uma grande diferença em termos de expectativas do mercado e, de certa forma, que isso possa substituir outras medidas”. O aumento da compra de títulos para reduzir os custos de empréstimos de longo prazo são um exemplo.

“No caminho de exceder 2% moderadamente… por algum tempo”

O último dos três pontos é o mais ambíguo. Powell já tentou explicá-lo, dizendo que o Fed mira a inflação “não muito acima de 2%” e “não permanentemente, não por um período sustentado”.

Mas, mesmo quando o desemprego estava caindo a mínimas em décadas nos meses anteriores à crise do coronavírus, a inflação não fez mais do que subir pouco acima de 2% por muitos anos.

Continuarão existindo fatores como a globalização, o comércio e os avanços da tecnologia pressionando os preços mundiais, e o envelhecimento da população que abafou a inflação ao desacelerar o crescimento e a demanda.

Com isso, pode se tornar uma questão de opinião decidir se a inflação está “no caminho certo” de cumprir os requisitos “moderadamente” e “por algum tempo”.

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