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Moedas

Real seguirá volátil nos próximos meses, mas pode haver correção, afirma BNP Paribas

Volatilidade da moeda brasileira deve seguir pelos próximos meses, mas há aumento de probabilidade de uma correção.

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O real, maior entre as moedas relevantes do mundo, deve seguir os próximos meses com volatilidade enquanto o mercado segue observando os os problemas fiscais do Brasil. Isso é o acreditam estrategistas do BNP Paribas, conforme divulgado nesta segunda-feira (24).

Mas a colocação contra a divisa brasileira já está “sobrecarregado”, o que sustenta alguma chance de ajuste conforme outras métricas, como conta corrente, têm registrado melhores.

Para o estrategista-chefe global para mercados emergentes do banco francês, Gabriel Gersztein, a moeda brasileira continua afetada por um combo que inclui falta de “carry” (retorno) ajustado pelo risco (diante da Selic baixa), incertezas sobre o rumo das contas públicas, economia debilitada, pandemia e alardes políticos.

Ainda segundo ele, como a taxa de câmbio tanto real quanto nominal está nas mínimas históricas ou perto delas, a possibilidade de uma correção favorável ao real existe.

“Estamos entrando numa situação em que a melhora dos termos de troca em algum momento aumenta as chances de algum repasse para os preços (do câmbio)”, afirmou Gersztein.

Os termos de troca, de forma geral, relacionam os valores das importações e das exportações. Quanto maiores os termos de troca, mais benigno é o cenário de entrada de capital ao país.

No mês passado, o Brasil teve superávit comercial de 8,1 bilhões de dólares, o maior para todos os meses da série histórica do Ministério da Economia iniciada em 1989. O valor foi novamente beneficiado por um forte tombo nas importações em meio à pandemia de coronavírus. A expectativa do Ministério da Economia para o ano é um superávit de 55,4 bilhões de dólares para as trocas comerciais, acima do saldo de 48,1 bilhões de dólares registrada em 2019..

Contudo, a instabilidade do câmbio deve continuar nos próximos dias, acentuada pelas movimentações de investidores nos minicontratos de dólar futuro da B3.

Para o estrategista de câmbio e juros para a América Latina Luca Maia, responsável estudo recente feiro com Gersztein sobre o peso dos minicontratos de dólar na volatilidade cambial,mais investidores elevaram posições a favor do dólar, depreciando o real.

Maia apontou que uma medida de posições “agressoras” de comprados em dólar  – aquelas que fugiam dos padrões, mas que carregavam volume relevante – bateu a casa dos 3,77 bilhões de dólares na soma de 21 dias móveis, o maior valor do histórico, que começa em fevereiro.

Conforme os volumes nesse segmento crescem, aumenta a importância das movimentações nos mercados de minicontratos de dólar futuro.

Em outubro de 2019, o giro no mercado de contratos reguladores de dólar futuro superava o de minis, relação que foi invertida nos últimos meses e com ampla margem. O volume médio diário no mercado de minis de dólar está em 33,3 bilhões de dólares, mais do que o dobro do modelo padrão de contrato de dólar futuro, que está em 13,2 bilhões de dólar.

“Paradoxalmente, o aumento de liquidez no minicontrato veio acompanhado de mais volatilidade porque o contrato mini gera mais fonte de atividade especulativa”, concluiu Gabriel Gersztein.

Na visão de ambos, o Banco Central deveria ter sido mais ativo no câmbio nos últimos meses para conter a volatilidade, e sua presença no mercado ainda se faz necessária por conta da mudança de regime de juros, entre outros motivos.

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