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Safra abundante e de boa qualidade dará mercado ao café do Brasil, diz BSCA

Vendas de grãos especiais brasileiros podem subir 5% em 2020, estimou Vanúsia Nogueira.

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Para a diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanúsia Nogueira, a demanda global por cafés especiais está se reerguendo de forma vigorosa dos efeitos da pandemia, o que torna possível para o Brasil escoar uma safra com maior volume de grãos diferenciados e até conquistar mercado na categoria premium no exterior.

Vanúsia Nogueira estimou, em entrevista à Reuters, que as vendas de grãos especiais brasileiros podem subir 5% em 2020, por conta da uma colheita volumosa e de “excelente” qualidade, em ano que os impactos da pandemia têm impedido os concorrentes de entregar seus produtos.

O Brasil conseguiu concluir os trabalhos do campo neste ano sem grandes surpresas, disse ela, com organização do setor e ajuda de processos mecanizados na colheita existentes hoje na maior parte dos cafezais do país, o que diminui a necessidade de trabalhadores e evita o contágio pelo vírus.

A Colômbia, terceira produtora global e a maior em café arábica lavado, está registrando recuou de 10% nas exportações no acumulado de 2020, com a federação de cafeicultores citando restrições à mobilidade para controlar a pandemia. Com o fechamento das fronteiras na Costa Rica para conter o vírus, ficou escassa a mão de obra para a colheita.

“Achamos que vamos aumentar a nossa participação em cafés especiais e sustentáveis. Com certeza vamos aumentar, a safra está muito boa e tem concorrentes nossos que não conseguiram entregar, o que é interessante para nós”, afirmou Nogueira.

Gestora do projeto “Brazil. The Coffee Nation”, uma parceria da BSCA com a agência de promoção de exportações Apex para elevar vendas de cafés especiais do país, ela acredita que o Brasil “passou até com certa tranquilidade” pela colheita em plena pandemia. O país é o maior produtor e o maior fornecedor de cafés certificados, de acordo com a BSCA.

Isso ocorreu também por causa do profissionalismo exigido na certificação dos produtos, o que fez com que o país conseguisse incorporar as orientações preventivas à Covid-19 na colheita, acrescentou.

O Brasil é responsável por quase 30% das mais de 60 milhões de sacas certificadas no mundo pela RainForest Alliance, UTZ, 4C e Fair Trade, e outros organismos. Ademais, cerca de 10 milhões de sacas, ou 15% produção brasileira, é composta por cafés especiais, informou a BSCA.

“Tivemos pouquíssimos casos de Covid durante a colheita e estamos concluindo esse processo agora, e foi uma safra muito boa em termos de quantidade e qualidade, e sem sofrimento”, afirmou Nogueira.

Além das floradas terem sido uniformes para a formação da safra 2020, o período de colheita foi bastante seco, o que reduz problemas de qualidade e evita interrupções. A cautela com a pandemia acabou ajudando, pois produtores aguardaram mais o amadurecimento dos frutos, para otimizar os trabalhos e minimizar riscos, obtendo assim um maior volume de café cereja.

Com isso, ela espera que os cafés brasileiros tenham bom desempenho na fase internacional do concurso que premia os melhores cafés do mundo, a Cup Of Excellence.

Demanda oscilante

Segundo a executiva, a pandemia impactou o mercado de cafés especiais de diversas formas, a princípio com uma grande demanda, seguida por clientes de especiais com contratos de longo prazo reduzindo o ritmo, dizendo, “vamos querer, mas mais tarde”.

“Achamos que teríamos um ‘delay’ de 60 dias, mas aos poucos, à medida que há a reabertura, o pessoal começou a pedir de novo, e tivemos até falta de embalagem, o que é bom, quando começa a faltar embalagem mostra que estamos tendo uma retomada em velocidade muito maior do que se esperava”, opinou.

A Coreia do Sul, por exemplo está “que está pedindo mais café do que no ano passado”, citou ela. Ainda sobre a demanda, Nogueira lembrou levantamento recente da Organização Internacional do Café que indica que o mercado em geral vai expandir.

De janeiro a agosto, os embarques de cafés diferenciados do Brasil, com qualidade superior ou algum tipo de certificado, acumulam perda de 12%, para 4,4 milhões de sacas, segundo dados do Cecafé.

Nogueira acredita a tendência da safra em 2019 com problemas de qualidade deve ser revertida ainda este ano. “Esperamos aumento, apesar de tudo”, completou.

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