Votação parcial aponta divisão entre acionistas da JBS sobre dupla listagem

A JBS (JBSS3), maior empresa de proteína animal do mundo, divulgou dia 22 um panorama parcial da votação dos acionistas sobre o plano de dupla listagem de suas ações, incluindo a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). A proposta será decidida em assembleia extraordinária nesta sexta-feira (23).

Segundo o documento enviado ao mercado, 246 milhões de votos foram registrados a favor da operação e 271 milhões contrários, em um universo de aproximadamente 2,2 bilhões de ações — cada uma com direito a um voto. A divulgação mostra que, até o momento, 52% dos acionistas que já se manifestaram são contra o projeto de reestruturação, enquanto 48% apoiam a iniciativa.

O plano de dupla listagem é defendido pela família Batista, controladora da JBS por meio da holding J&F Investimentos, sob o argumento de que trará maior visibilidade internacional, acesso a investidores estrangeiros e possibilidade de valorização dos papéis da companhia. No entanto, a proposta também prevê mudanças na estrutura de governança corporativa, incluindo a transferência da sede para o exterior e o aumento do poder decisório dos controladores — pontos que têm gerado resistência entre acionistas minoritários, sobretudo investidores estrangeiros.

No Brasil, o tema tem enfrentado menor resistência no mercado financeiro, mas no ambiente internacional o debate ganhou força nos últimos dias, com críticas à centralização de poder e aos potenciais impactos sobre a transparência e proteção aos minoritários.

A decisão sobre o futuro da JBS e sua possível listagem na bolsa norte-americana será tomada nesta sexta-feira, em uma votação que promete ser acirrada.

A empresa

Fundada em 1953 em Anápolis (GO), a JBS S.A. começou como um pequeno açougue e transformou-se em uma das maiores multinacionais do setor de alimentos do mundo. O nome da companhia faz referência às iniciais de seu fundador, José Batista Sobrinho.

A partir dos anos 2000, a JBS embarcou em uma estratégia agressiva de expansão internacional, marcada por uma série de aquisições de grandes frigoríficos e marcas no exterior, como Swift nos Estados Unidos, Pilgrim’s Pride, Moy Park (Reino Unido) e Primo Group (Austrália), consolidando-se como a maior processadora de carnes bovina, suína e de frango do planeta.