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80% da safra de café 2020 de cooperados da Cooxupé está vendida

Produtores temem pela produção em 2021 em razão de uma prolongada seca.

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Os produtores associados à Cooxupé já venderam 80% da safra de café, cujos trabalhos estão quase encerrados, um nível recorde para esta época disparado por altos preços em reais em razão do câmbio.

Contudo, o presidente da maior cooperativa de cafeicultores do mundo, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, disse nesta quinta-feira que os produtores temem pela produção em 2021, devido a uma prolongada seca.

Na quarta-feira, a Cooxupé comunicou um aumento de até 10% na expectativa de recebimentos, que devem girar em torno de 7,8 milhões de sacas, alta de mais de 50% ante 2019, um ano de baixa produtividade do ciclo bianual do arábica.

Mas na safra 2020 tudo deu certo, desde as floradas até o tempo seco para a colheita e um câmbio favorável a negócios, o que também explica os grandes recebimentos na cooperativa, já que praticamente não houve interrupção dos trabalhos por chuvas, disse Melo.

“O recebimento não significa que a safra foi tão grande, o que significa é que, com a alta dos preços… e com a segurança que as cooperativas têm oferecido ao produtor, isso faz com que ele participe mais”, explicou.

Até o primeiro trimestre, 60% da safra já tinha sido vendida, e agora as vendas já chegaram a 80%, destacou ele.

“A mudança de postura do produtor na parte de mercado foi muito significativa, mudou a postura dele, ele vende só no momento de oportunidade. Chegamos a comercializar perto de 300 mil sacas em alguns dias, enquanto em momentos de declínio se compra 3 mil a 5 mil sacas.”

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou nesta semana uma safra do Brasil muito semelhante à registrada em 2018, e Melo acredita isso também ocorreu na área da Cooxupé, cuja produção dos cooperados foi estimada em 10,3 milhões de sacas em 2020.

Asafra de 2018 do Brasil ainda se continua com o recorde, enquanto a de 2020 fica cerca de 30 mil sacas abaixo, a 61,63 milhões de sacas, mostram dados da Conan.

Os armazéns não estão com problemas para receber café devido ao grande volume da safra, garantiu o presidente da cooperativa, mas ocorreram sim muitas entregas concentradas, devido a uma colheita acelerada e às fortes vendas de produtores.

“Por conta da concentração da safra, isso gera um certo desconforto, mas a Cooxupé continuou dentro da normalidade, não recebi reclamação que não estava recebendo café.”

Ele manteve a projeção de embarques da Cooxupé em 5,9 milhões de sacas em 2020, sendo 5 milhões de sacas destinadas para exportação, mesmo com mais recebimentos que o esperado.

Melo também destacou que a cooperativa não registrou problemas para exportar, mas citou armazéns cheios na Europa, o que limitaria novas compras de um importante destino.

Assim, ele acha que o estoque de passagem para 2021 da cooperativa será maior, para enfrentar um ciclo de produtividade mais baixa no ano que vem, não somente por ser o período negativo do arábica, mas também devido à seca prolongada.

“O tempo foi muito bom para a colheita, agora nos preocupa a questão do clima para a próxima safra. Para o ano que vem, já é safra tida como menor por conta da bianualidade, somada a isso nunca tivemos período tão seco e quente como este inverno… seis meses praticamente sem chuvas”.

As chuvas desta semana não foram suficientes para permitir uma florada significativa para a temporada 2021, uma vez que o cafezal está bastante desfolhado.

“Tivemos áreas da cooperativa que não choveu, choveu menos de 10 milímetros, isso não é chuva, isso com certeza os técnicos vão apresentar um trabalho sobre o comprometimento da safra que vamos ter”, declarou, evitando falar sobre o tamanho da queda que pode ocorrer. “Prefiro não mensurar, é muito cedo para dizer.”

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