Commodities
Produção da Vale deve atingir meta e companhia acha preço do minério insustentável, diz Credit
Produção de 1 milhão de toneladas por dia deve ser suficiente para que a companhia atinja sua meta para 2020.
A Vale está produzido 1 milhão de toneladas de minério de ferro por dia, volume que deve ser o bastante para que a mineradora consiga chegar à base de sua meta para 2020, afirmaram analistas do Credit Suisse.
Em relatório após conferência com a Vale em Nova York, executivos da empresa também têm expectativas de que a joint venture Samarco, parceria com a BHP, possa voltar a operar ainda neste ano, o que possibilitaria à unidade produzir entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas ao ano em 2021.
A Vale mostrou esperança de reinício ainda neste ano das operações da Samarco, suspensas desde o rompimento de uma barragem da empresa em 2015 que foi considerada o maior desastre ambiental da história do Brasil, acrescentaram.
Em 2020, o objetivo da mineradora é produzir entre 310 e 330 milhões de toneladas de minério de ferro, com um número mais provavelmente “na extremidade inferior” da projeção. Contudo, analistas vinham questionando a viabilidade dos planos devido ao desempenho da empresa na primeira metade desse ano.
“Embora a Vale acredite que sua projeção é alcançável e estejam confiantes de que irão produzir perto de 310 mt, suas vendas podem vir um pouco abaixo de 300 mt para o ano, uma vez que eles precisam recompor estoques”, analisou o Credit Suisse.
Segundo os analistas, os nível de produção no terceiro trimestre deve ficar próximo de 90 milhões de toneladas, enquanto a previsão para os últimos três meses do ano é ainda maior, dado o retorno esperado de operações em Serra Leste, no Sistema Norte.
A expectativa da mineradora é de retomar a capacidade total de produção em Timbopeba entre março e abril de 2021. O local produzia 12 milhões de toneladas por ano, contra 4 milhões atualmente.
Na maior mina da empresa em Minas Gerais, em Brucutu, a construção de uma barragem que possibilitaria à mina operar com sua capacidade total deverá ser concluída entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021. Com capacidade de 30 milhões de toneladas anuais em capacidade, a unidade pode operar atualmente com apenas 40% desse total.
Ainda segundo os analistas, o complexo de Fábrica deve voltar a funcionar no segundo trimestre de 2021.
Já retomada total de operações de processamento a seco em Vargem Grande depende da conclusão de uma barragem que deve ser finalizada no segundo trimestre do próximo ano.
Os analistas também disseram que os executivos da Vale comentaram que a retomada da política de dividendos, que estava suspensa desde o rompimento de barragem da empresa em Brumadinho (MG) em janeiro passado, deve-se à visão de que a companhia já realizou volume “substancial” de reparações pelo desastre e ganhou assim o direito de distribuir recursos aos acionistas.
“A companhia acredita que nada muda em relação à reimposição dos dividendos, apesar de recentes pedidos do Ministério Público”, acrescentaram.
Recentemente, procuradores do Ministério Público Federal solicitaram à Justiça uma intervenção legal na Vale para afastar executivos responsáveis pela política de segurança da companhia e para suspensão da política de dividendos, mas o pedido foi negado.
Valores atuais são insustentáveis
De acordo com o Credit, a administração da Vale prevê que o minério de ferro não continuará por muito tempo no atual nível de preços, de cerca de 130 dólares por tonelada.
Apesar da pandemia global de coronavírus, a commodity tem se mantido firme na China devido a expectativas de forte demanda no país pelo material usado na fabricação do aço.
“A Vale acredita que as condições de demanda por minério de ferro na China estão bem saudáveis agora e enquanto isso começa a ver alguns sinais de melhora em outras regiões do mundo também (incluindo Europa e Japão)… no entanto, a visão da companhia é de que os atuais preços do minério de ferro são insustentáveis”, continuaram.
A aumento dos envios da Vale ao mercado chinês programados para o final do ano devem causar pressão sobre as cotações, esperam os gestores da mineradora.
“Apesar dessa possível pressão à frente, eles acreditam que levará algum tempo para que os preços voltem a entre 60 e 80 dólares”, disseram. O próprio retorno da Vale à sua capacidade de produção de 400 milhões de toneladas, prevista para entre 2022 e 2023, poderia causar o movimento.
Segundo a equipe do Credit, mesmo com preços do minério por volta de 81 dólares por tonelada, a Vale poderia pagar aos acionistas “dividend yield” de ao menos 6% em 2021.
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