Economia
Intrum aumenta expectativa em recuperação de crédito no Brasil e quer ser top 3
Deterioração dos empréstimos ficará mais visível e deve levar a um esforço para redução dos créditos podres, disse presidente da Intrum.
A Intrum, empresa sueca de recuperação de crédito, escolheu o Brasil para ser um dos seus motores globais de expansão, com expectativa de um grande crescimento no setor a partir de 2021, quando as instituições financeiras começarem a limpar suas carteiras impactadas pelas consequências da pandemia.
Quando acabarem os programas emergenciais do governo e os períodos de carência oferecidos pelos bancos no pagamento de prestações de financiamentos, a deterioração dos empréstimos ficará mais visível, o que deve levar naturalmente a um esforço para redução dos chamados créditos podres, disse o presidente da companhia no Brasil, Ulisses Rodrigues.
“Em muitos casos, a preferência dos credores já em 2021 vai ser vender algumas carteiras do que tentar recuperá-las”.
A visão é um indício de que o mercado de ativos estressados pode ganhar tração no país em pouco tempo após os cinco maiores bancos brasileiros terem aumentado as provisões para perdas esperadas com calotes em mais de 30 bilhões de reais apenas no segundo trimestre para fazer frente a uma aguda piora nos índices de inadimplência.
Para os analistas do setor financeiro, o número pode superar 100 bilhões de reais, levando em conta o ciclo todo de piora na capacidade de pagamento dos devedores devido à pandemia.
“E assim como em outros países, a pressão sobre os bancos para venderem carteiras aumentará aqui com o juro mais baixo”, disse o executivo.
Ex-executivo do Goldman Sachs e veterano da indústria de recuperação de crédito nos Estados Unidos,
Ulisses Rodrigues hoje lidera uma equipe de 34 pessoas e que deve dobrar até o fim de 2020.
Sediado em Estocolmo, o Intrum toma como base esse cenário para fazer do Brasil, aonde chegou há pouco mais de um ano, um de seus cinco principais mercados, mesmo já tendo presença em 25 países na Europa.
Embora não cite metas específicas de montante, o plano de ser uma das 3 maiores do país até 2024 dá uma ideia da velocidade com a qual a Intrum, hoje com uma carteira de cerca de 2 bilhões de reais em valor de face, pretende se expandir.
“Precisa crescer 10 vezes para nos tornarmos relevantes”, disse Rodrigues.
Ainda segundo ele, o crescimento do mercado doméstico de capitais tende a ajudar na formação de um mercado secundário de ativos estressados, ao passo que um mais classes de investidores, incluindo family offices e gestoras de recursos, buscam por ações que ofereçam rentabilidades além à da taxa básica, atualmente em 2% ao ano.
O mercado de recuperação de operações de empréstimos sem garantia, como de cartão de crédito, tem expectativa de retorno da ordem de 15% a 18% ao ano, acrescentou Rodrigues.
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