O preço dos produtos artesanais e industriais: o paradoxo do preço

No mundo contemporâneo, diversos fatores levaram o mercado a chegar em alguns patamares que tornaram-se um tanto complexos quando pensamos nos valores e as histórias que existem por trás de cada produto que é comercializado, tanto em escala nacional quanto em escala global. Durante muito tempo, tanto as pessoas quanto as empresas optaram por usufruir de tudo que o toyotismo pode proporcionar, itens em grande produção, com preço acessível e baixa durabilidade.

No entanto, observa-se que, hodiernamente, essa lógica foi rompida de maneira em que as empresas pregam grandes discursos e orgulham-se de ter comprado e ajudado os artesãos locais, comprando produtos artesanais, feitos por artistas locais que possuem sim história e muita mão de obra no que tange a confecção desses objetos e serviços.

Não obstante, nessa quebra de paradigma relacionada ao consumo, observou-se uma movimentação que beira a complexidade desses conceitos. De um lado, por mais que os empreendedores sociais estejam esbanjando o orgulho de incentivar as produções locais, embora interessem-se pela história, na maioria dos casos, esses produtos não industriais feitos de forma sustentável agregam um valor que é muito alto em comparação dos os produzidos pela indústria. E, devido a esse valor, muitas pessoas e até mesmo as empresas se negam a pagá-los.

Levando em consideração essa movimentação dialógica às avessas, muitas pessoas acreditam que quando o assunto é sustentabilidade, ainda mais para as grandes corporações e os sujeitos que possuem maior poder aquisitivo, a sustentabilidade, no cerne de sua acepção, está somente no discurso, e não nas atitudes. Percebe-se isso na medida em que o discurso transmuta a realidade, como no exemplo supramencionado no qual vale mais a pena pagar por um produto industrializado, sem história, do que por um produto que contém história e a mão de um profissional que dedicou tempo de vida para sua confecção.