Bancos
Após informações sobre transações suspeitas de mais de US$ 2 tri, bancos globais tentam conter danos
Documentos vazados apontam que bancos transferiram mais de 2 trilhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de quase 20 anos.
Nesta segunda-feira, grandes bancos mundiais tentam restringir os impactos de uma série de documentos vazados que apontam que as instituições transferiram mais de 2 trilhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de quase 20 anos.
Entre as instituições citadas na reportagem do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, feita com base em documentos vazados obtidos pelo BuzzFeed News, estão HSBC, Standard Chartered, Barclays, Deutsche Bank, Commerzbank, JPMorgan Chase e Bank of New York Mellon.
Os agentes financeiros mostravam preocupação mesmo após alguns bancos afirmarem que muitas das transações ocorreram há muito tempo, e que desde então eles haviam implementado sérias medidas contra a lavagem de dinheiro.
Com desempenho pouco abaixo de seus pares, as ações do HSBC e da StanChart recuaram para seu menor nível em 25 anos, em meio a uma baixa mais ampla de papeis globais.
Os 2.100 relatórios de atividades suspeitas nos quais se basearam as reportagens foram sobre movimentos feitos entre 1999 e 2017, protocolados por bancos e outras instituições financeiras junto à Rede de Execução de Crimes Financeiros (FinCen) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
Contudo, uma análise dos documentos obtida pelo BuzzFeed News, que trabalhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e outras organizações de mídia, descobriu que alguns relatórios foram feitos meses depois que as transações suspeitas ocorreram e que muitas vezes poucas outras medidas foram tomadas.
“Isso mostra que o gerenciamento do risco de crimes financeiros vai além da produção de SARs”, disse a sócia de serviços financeiros da Norton Rose Fulbright em Hong Kong, Etelka Bogarde.
Entre os bancos com maior número de SARs na reportagem do BuzzFeed estava o Deutsche Bank, cujas ações chegaram a despencar mais de 8% na sessão desta segunda-feira.
Também entre os mais mencionados no texto estava o JPMorgan e o Bank of New York Mellon, cujos papeis tiveram queda de 2,6% e 2%, respectivamente.
Os bancos vem aumentando os investimentos em tecnologia e em equipes para lidar com os requisitos regulatórios mais rígidos de combate à lavagem de dinheiro e sanções em todo o mundo nos últimos anos.
Após um escândalo de lavagem de dinheiro na Malásia, milhares de clientes tiveram contas bancárias fechadas em locais como Hong Kong e Cingapura, além do “Panama Papers” e um impulso global para a transparência tributária.
Parte do problema agora era que os bancos estavam lutando para distinguir entre transações suspeitas e não suspeitas, disseram especialistas em compliance, por isso estavam simplesmente arquivando milhões de SARs que as agências de fiscalização não tinham como resolver.
“Muitos bancos estão lutando com altas taxas de falsos positivos e o acúmulo (de casos existentes). É por isso que você vê que às vezes os SARs surgem mais de 100 dias após a transação”, explicou o diretor da AlixPartners em Hong Kong, Cliff Lam.
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