Empresas
Shell quer reduzir custos para focar em transição energética, dizem fontes
Mudança terá com objetivo cortes adicionais à meta de 4 bilhões de dólares definida no começo da crise da Covid-19.
A Shell está tentando cortar em até 40% seus custos de produção de petróleo e gás, medida que visa economizar recursos para que a petroleira possa transformar seus negócios e se voltar mais para energia renovável e energia elétrica, apontaram fontes.
Conhecida internamente como “Projeto Reshape”, a nova revisão de custos da Shell tem estimativa de ser concluída ainda este ano. A mudança afetará suas três principais divisões e terá com objetivo reduções adicionais à meta de 4 bilhões de dólares definida no começo da crise do coronavírus.
Os planos da Shell de se mover para o setor elétrico e renováveis, onde as margens são relativamente baixas, precisa dessa redução de despesas.
À medida que economias mundiais buscam se tornar mais sustentáveis, a competição também deve se intensificar com empresas de energia e petroleiras rivais buscando disputar participação no mercado.
“Temos um ótimo modelo, mas ele é o modelo correto para o futuro? Haverá diferenças, e não só em estrutura, mas sobre cultura e o tipo de companhia que queremos ser”, falou anonimamente uma fonte da companhia.
Os custos operacionais gerais da Shell em 2019 chegaram a 38 bilhões de dólares, ao passo que os investimentos foram de 24 bilhões de dólares.
A companhia está estudando maneiras de reduzir gastos na produção de petróleo e gás, sua maior divisão upstream, em 30% ou 40% por meio de cortes de custos operacionais e em investimentos em novos projetos, afirmaram fontes com conhecimento no assunto.
Sua produção de petróleo e gás deve se voltar apenas para poucas regiões chave, incluindo o Golfo do México, a Nigéria e o Mar do Norte, acrescentaram.
Ainda de acordo com as fontes a divisão integrada de gás da empresa, que toca as operações de Gás Natural Liquefeito (GNL) e a produção de gás, também planeja cortes.
A avaliação busca reduzir custos na rede de 45 mil postos da Shell, a maior do mundo, vista como uma de suas atividades de maior valor e que deve ter papel fundamental na transição, disseram.
“Estamos passando por uma revisão estratégica da organização, que visa garantir que estejamos preparados para prosperar durante a transição energética e ser uma organização mais simples, mas também competitiva em termos de custos. Estamos analisando uma série de opções e cenários neste momento, que estão sendo avaliados cuidadosamente”, afirmou em comunicado uma porta-voz da Shell.
O movimento de transição da Shell vem na esteira das rivais europeias e Eni, que buscam reduzir seu foco em petróleo e gás nos próximos dez anos e construir novos negócios de baixo carbono.
Segundo as fontes, essa revisão será a maior da história moderna da Shell, e deve ser finalizada até o final de 2020, quando a companhia quer anunciar as mudanças significativas.
O presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, disse a analistas em 30 de julho que a companhia lançou um programa para “redesenhar” a empresa.
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