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Transportadora é levada à falência e, com o rombo na Americanas, teme não haver mais o dinheiro

Não só a transportadora foi levada a falência, mas todos os sócios e suas famílias colhem, agora, os frutos de um contrato quebrado. Confira.

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A transportadora Forte Minas foi levada à falência e, ao receber a notícia que as Lojas Americanas entraram com o pedido de recuperação judicial, temem nunca rever o dinheiro que, segundo eles, lhes é devido.

A Americanas, por sua vez, se posiciona e afirma que não deve nada a transportadora que já fez parte de sua equipe.

História da Forte Minas

Moacir de Almeida Reis era o diretor de operações da Forte Minas. Segundo ele, a empresa teria sido criada em 2015 para atender o interior do estado de Minas Gerais. De acordo com Moacir, não haviam transportadoras que faziam entregas para aquela região, composta por mais de 15 milhões de habitantes.

A ideia inicial era fazer as entregas de pequenas encomendas de varejo virtual, utilizando uma van ou fiorino, contando com apenas uma pessoa. No entanto, em 2016, uma empresa de serviços logísticos ligada diretamente a Americanas, a Direct, se tornou um dos clientes da pequena transportadora criada por Moacir.

Inicialmente, a empresa fazia entregas para a Direct no centro-oeste de Minas, porém, logo o serviço foi expandido e, em pouco tempo, estavam fazendo entregas em todo o estado.

Fomos expandindo, até fechar todo o Estado de Minas Gerais, sempre dando esse passo em função do cliente“, é o que conta o empresário. Os negócios foram se estendendo e até entregas para o Espírito Santo eram feitas pela Forte Minas.

A empresa conseguia faturar mensalmente, cerca de quatro milhões de reais e, além disso, crescia cerca de 30% a cada ano. Dessa forma, não davam ouvidos aos rumores que rondavam o mercado.

Nós conhecíamos essas histórias, mas nossa relação com a Direct sempre foi muito boa. Inclusive ela lançou um plano de premiação por melhores entregas e nossas filiais todos os anos estavam entre os dez primeiros lugares“, conta Moacir.

O que levou a Forte Minas à falência?

Moacir conta que a virada veio a acontecer em 2020. Já faziam três anos que o contrato não era revisto, logo, os sócios da transportadora solicitaram um reajuste de 13%. O aumento que conseguiram, foi de 8%.

Porém, mesmo com o novo contrato já assinado, aconteceu uma mudança do diretor da Direct e o documento, onde foi acordado o aumento de 8%, não chegou a entrar em vigor.

Ao invés do aumento, a Forte Minas recebeu um corte de 5%. Mesmo com o corte, Moacir afirma que a Direct era responsável por cerca de 85% ou 90% da renda mensal da transportadora. Parar de oferecer seus serviços por causa do corte, não seria viável.

Ela então representava 85% a 90% da nossa receita, era difícil tomar uma decisão de interromper o serviço e não trabalhar mais para eles, porque tínhamos mais de 300 funcionários, 600 e tantos agregados e toda uma estrutura“, o empresário explica.

Agora, além de fazer entregas pequenas, a transportadora já havia assumido a linha branca, composta por entregas de geladeiras, fogões, entre outros produtos, o que veio a aumentar o valor pago no aluguel dos galpões utilizados.

Foi exatamente nessa época que um dos sócios entrou no jogo, João Wanderlay de Oliveira Júnior, assim, assumiu o setor comercial e adquiriu 20% do negócio.

O novo sócio foi capaz de trazer novos clientes e, com isso, um interessado em adquirir todo o negócio. No entanto, o contrato com a Americanas exigia que em caso de venda, ela tivesse preferência. Dessa forma, os sócios entraram em contato com a Americanas, que demonstrou interesse em comprar a transportadora, segundo o que os sócios vieram a relatar.

João conta como ocorreu o fim da parceria entre a transportadora e a Americanas:

Eles foram empurrando essa conversa até o dia 29 de janeiro de 2021. Naquele dia, eles me ligaram umas 20h e falaram: ‘A partir de amanhã, a Americanas não trabalha mais com a Forte Minas. Estamos retirando todas as cargas de vocês“.

Sem o aviso de 30 dias para finalizar os serviços, a Americanas teria quebrado o contrato e, no dia seguinte, enviado caminhões para retirar as mercadorias dos galpões da Forte Minas. Foi quando o pior aconteceu, sem o aviso, os agregados faziam ligações para outros funcionários informando para não fazer as entregas já que a empresa havia quebrado.

E começaram a saquear nossos galpões, não deixando carregar os caminhões da Direct. Os gerentes e funcionários nos galpões perderam o domínio da situação e eles também se sentiam traídos pela companhia“, conta João. Hoje, a Americanas cobra a conta dos produtos que foram saqueados dos galpões da Forte Minas.

Além disso, a empresa ficou sem condições de conseguir pagar os direitos trabalhistas dos seus antigos funcionários, o que lhes rendeu diversos processos. Segundo João, a Americanas teria encerrado o contrato sem pagar os 7 milhões que deviam por serviços já realizados. As Lojas Americanas, por sua vez, negam a dívida.

Como estão os sócios da Forte Minas hoje?

Moacir de Almeida Reis, João Wanderlay de Oliveira Júnior e Carlos Henrique de Souza, que viram seu negócio falir de um dia para o outro.

Moacir, hoje, mora em um sítio, pois não conseguiu se manter na capital. Além disso, João conta que não consegue procurar emprego ou sustentar sua família.

Eu tenho 35 anos no mercado de transportes e hoje não tenho condições de sair na rua nem para procurar emprego. Todos os dias tenho no mínimo dez ligações de cobrança e um oficial de justiça batendo na porta. Minha vida, que sempre foi muito tranquila, virou um inferno“, explica o executivo.

Eu lembro no dia que ele me contou da falência. A gente estava junto e ele falou: ‘Acabou’ e começou a chorar“, conta Bernardo, um dos filhos de Moacir.

Após a falência da empresa, Moacir chegou até mesmo a passar por um infarto. “O susto foi muito grande. Na UTI, com ele muito fragilizado mentalmente e o sócio dele em condição ainda pior, com crises de pânico“, conta seu filho.

A Forte Minas ainda pode receber o dinheiro que diz que a Americanas deve?

Um dos sócios da Dasa Advogados, Carlos Deneszczuk, explica que essa situação é difícil. Em um processo de recuperação judicial, primeiro devem ser pagos os direitos trabalhistas, depois os credores com garantia, em terceiros credores quirografados e somente depois, pequenos e médios empresários.

Para receber o valor que dizem que a Americanas lhes deve, os sócios precisariam entrar com uma ação judicial para ter sua dívida reconhecida, para só assim, entrar na última categoria a ser paga.

Amante de filmes e séries e tudo o que envolve o cinema. Uma curiosa ativa nas redes, sempre ligada nas informações acerca da web.

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