Economia
Confiança do consumidor dos EUA dispara em setembro, mas déficit comercial de bens aumenta em agosto
Forte leitura do índice de confiança pode aliviar a pressão sobre a Casa Branca e o Congresso por outro pacote de auxílio.
Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que a confiança do consumidor dos Estados Unidos subiu mais do que o previsto em setembro, com as famílias melhorando sua visão sobre o mercado de trabalho, mas continuou aquém dos níveis pré-pandemia.
Apesar do ressurgimento de novas infecções por coronavírus em algumas regiões dos EUA e da redução da ajuda do governo para empresas e desempregados, o Conference Board reportou o aumento, o que parece significar que os consumidores não estão tão preocupados com a incerteza antes da eleição presidencial no mês que vem.
A melhora do índice de confiança poderia aliviar a pressão sobre a Casa Branca e o Congresso por outro pacote de estímulo fiscal, acreditam alguns analistas.
“A magnitude do aumento de hoje nos diz que o consumidor acha que os piores dias da recessão acabaram. É um grande avanço para a economia e apoia um crescimento mais forte no quarto trimestre, mesmo que Washington continue incapaz de fornecer estímulo fiscal adicional”, disse o economista-chefe Chris Rupkey, do MUFG em Nova York.
O índice de confiança do consumidor foi para 101,8 neste mês, ante leitura de 86,3 em agosto, e 130 no início do ano. A expectativa de economistas entrevistados pela Reuters era de alta de 89,5 no mês. A pesquisa foi feita até o dia 18 de setembro.
A medida da situação atual, baseada na avaliação dos consumidores sobre as condições atuais do mercado de trabalho e negócios, aumentou para 98,5, de 85,8 em agosto. O índice de expectativas, baseado nas perspectivas de curto prazo dos consumidores para renda, negócios e condições do mercado de trabalho, disparou para 104,0, de 86,6 no mês passado.
Já o chamado diferencial do mercado de trabalho – derivado de opiniões dos entrevistados sobre se empregos são abundantes ou difíceis de conseguir – avançou para 2,9 neste mês, contra -2,2 em agosto deste ano e 38,3 em agosto do ano passado. Essa medida se correlaciona intimamente com a taxa de desemprego no relatório de emprego do Departamento de Trabalho.
Déficit comercial de bens
Pela primeira vez em oito semanas, os casos diários de Covid-19 começaram a subir na semana passada, à medida que o dinheiro do governo para auxiliar empresas a pagarem cumprirem as folhas de pagamento praticamente acabou, e dezenas de milhares de trabalhadores de companhias aéreas sendo demitidos ou tirando licenças
O financiamento para subsídio complemento semanal de seguro-desemprego de 300 dólares já está se esgotando, após ter ocupado o lugar de um subsídio semanal 600 dólares encerrado em julho.
Na terça-feira, o Departamento de Comércio informou que o déficit comercial de bens cresceu em agosto, com as importações aumentando conforme as empresas refizeram estoques, que foram embora no início da pandemia.
Mesmo assim, a expectativa continua sendo de avanço recorde no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, revertendo a queda história registrada de abril a junho.
A economia entrou em recessão em fevereiro, mas ganhou impulso no verão norte-americano com a reabertura de empresas e estímulos fiscais do governo.
Em agosto, o déficit no comércio de bens teve alta de 3,5%, para nível histórico de 82,9 bilhões de dólares. Já as importações de bens avançaram 3,1%, para 201,3 bilhões de dólares, balanceando o salto de 2,8% nas exportações de bens, para 118,3 bilhões de dólares.
Os estoques no varejo subiram 0,8% em agosto, após alta de 1,2% em julho, enquanto os estoques de veículos automotores e peças cresceram 0,6%, segundo o Departamento de Comércio.
Componente do PI, os estoques do varejo, excluindo veículos automotores e peças, subiram 0,9%, frente alta de 0,6% em julho.
No atacado, os estoques cresceram 0,5% em agosto, após queda de 0,1% em julho. A expectativa é que o acúmulo de estoques contribua para o crescimento do PIB no terceiro trimestre depois de três trimestres de perda.
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