Finanças
Interferência do Planalto na autonomia do BC faz dólar disparar
Moeda ianque tem alta de 1,48%, indo a R$ 5,2736 para venda, na sessão desta quinta
A conta da ‘celeuma’ intervencionista federal na autonomia do Banco Central (BC) finalmente chegou ao câmbio, com a disparada do dólar, nesta quinta-feira (9) que avançou 1,48% a R$ 5,2736 para venda, o que corresponde ao maior patamar da moeda ianque, desde 5 de janeiro deste ano, quando chegou a R$ 5,3527.
A alta meteórica do padrão monetário estadunidense decorre do forte movimento de investidores em busca de ‘proteção’, ante o temor que o BC acabe aceitando a pressão do Planalto em torno da revisão das metas de inflação (e consequente redução mais célere da taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano), duramente criticadas pelo presidente Lula nos últimos dias.
Por tabela, os ativos brasileiros apresentaram deterioração, ante à perspectiva aberta pela equipe econômica, no sentido de promover ‘já’ uma revisão das metas de inflação do país, na tentativa de reduzir o nível de tensão entre o presidente e o BC.
Nos bastidores, Campos Neto já estaria negociando com integrantes do governo, uma eventual alteração na meta de inflação para este ano, que seria inflada de 3,25% para 3,5%. Após consultados sobre a iniciativa pela agência britânica Reuters, tanto o BC quanto ao Ministério da Fazenda se esquivaram de fazer qualquer comentário a respeito.
Caso prospere a medida (que altera a meta de inflação, previamente fixada pelo Conselho Monetário Nacional – CMN), para analistas de mercado, isso significaria que o BC estaria ‘cedendo às pressões políticas’, o que poderia abalar a ‘credibilidade da imagem de independência da autarquia, culminando com a fuga de investidores estrangeiros do país’.
Para o sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, “a notícia de que o próprio Campos Neto poderia aceitar mudar essa meta (de inflação) poderia mostrar uma fraqueza da autonomia do BC em meio a essa pressão política, e isso naturalmente aumenta o risco do país e a falta de confiança do investimento estrangeiro”, arrematando que “se a gente começar a ver o BC cedendo às vontades do governo, isso vai ser muito prejudicial para o real”.
Sobre o atual momento crítico, o diretor de operações da FB Capital. Fernando Bergallo, disse acreditar que “o principal fator de atenção do mercado segue sem dúvida sendo a artilharia de Lula contra o BC, fogo amigo esse que já está sendo propagado pelo próprio Congresso também”. Por fim, Bergallo conclui que “novamente, estamos deixando de ‘surfar’ em uma onda positiva no exterior, de inclinação a risco, por conta de fatores locais”.
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