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Seca causa atraso no plantio de soja e põe 2ª safra de algodão em risco no Brasil

Plantio de soja chegou a 1,70% da área estimada, atraso significativo na comparação a safra anterior.

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A falta de chuvas que tem atrasado o plantio de soja 2020/21 no Centro-Oeste do Brasil começa a apresentar risco para os produtores de algodão na segunda safra, realizada após a colheita da oleaginosa, com possibilidade de troca da pluma pelo milho devido às más condições para a semeadura no período certo.

“Para quem faz algodão (na segunda safra), a chuva deveria ter vindo há pelo menos 10 dias”, disse o agrometeorologista Marco Antonio Santos, da Rural Clima.

Até o momento, pancadas de chuva ocorreram de maneira isolada em algumas regiões de Mato Grosso, principal produtor da pluma e da oleaginosa, explicou ele, o que impediu grande parte do plantio da oleaginosa.

O plantio de soja chegou a 1,70% da área estimada, mostraram dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea) publicados na última sexta-feira, um avanço fraco na comparação com a semana anterior e atraso em relação a temporada anteriores devido ao tempo seco.

No mesmo período de 2019, 6,65% das áreas haviam sido plantadas com o grão até o dia 4 de outubro. Considerando a média dos últimos cinco anos, que é de 9,59% para o período, o atraso é maior ainda

“Ainda é pouco, mas já ouvimos relatos de produtores que reduzirão área de algodão e terão que fazer segunda safra de milho por questões relacionadas à janela”, explicou Santos.

“Essa decisão se tornará mais concreta após o dia 10, para quando está previsto o retorno de chuvas significativas”.

Um dos riscos é de que as variedades de sementes de algodão que foram compradas pelos produtores pensando na segunda safra não sejam adequadas para uma janela mais curta de desenvolvimento, explicou o meteorologista da Somar, Celso Oliveira.

Isso pode significar uma postergação da olheita da soja e plantio do algodão para fevereiro, afirmou Oliveira, destacando que o atraso de um mês colocaria em risco a produtividade destas variedades da pluma de ciclo mais longo.

“Alguns produtores, inclusive, pensam em diminuir a área de algodão e fazer uma safrinha de milho no lugar”, concordou Oliveira.

Números ruins

A pandemia de coronavírus afetou profundamente o setor de algodão, com adiamento de embarques e queda na demanda ao longo do ano.

Além disso, alguns produtores de algodão já haviam decidido apostar na rentabilidade dos cultivos de soja e milho, em detrimento do plantio da pluma.

Esse movimento de substituição tende a fazer com que a área de plantio de algodão atinja 1,4 milhão de hectares em 2020/21, recuo de 12% em relação à temporada de 2019/20, estima a associação nacional do setor Abrapa.

Ainda segundo dados da Abrapa, isso deve resultar em queda de 13% na produção da pluma no comparativo anual nesta safra, para 2,5 milhões de toneladas

O diretor executivo da Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins, disse que ainda é cedo para fazer previsões, quando perguntado sobre a possibilidade de novos cortes de área, agora relacionados à janela de plantio depois da soja.

Contudo, Tocantins disse que o atraso nas chuvas irá interferir no calendário de safra e preocupa o produtor de algodão, que deveria plantar o algodão entre dezembro e janeiro. Segundo ele, 90% do algodão de Mato Grosso é semeado na segunda safra.

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