Economia
Em ‘desaceleração’, retiradas líquidas da poupança em março somam R$ 6,09 bilhões
No trimestre (1T23) saldo negativo acumulado atingiu R$ 51,123 bilhões, maior retirada para o período desde 1995
Uma ‘pisada no freio’, mas de leve. Foi o que aconteceu com as cadernetas de poupança, em março passado, quando as retiradas líquidas somaram R$ 6,09 bilhões (saques superiores aos depósitos), montante inferior às ‘abissais’ retiradas anteriores, verificadas em janeiro (R$ 33,631 bilhões) e em fevereiro (R$ 11,515 bilhões).
Maior retirada acumulada para o período desde 1995, o saldo negativo acumulado no primeiro trimestre do ano (1T23) já totaliza R$ 51,123 bilhões, ante retiradas líquidas de R$ 40,37 bilhões, em igual período do ano passado, conforme dados divulgados, nesta sexta-feira (7), pelo Banco Central (BC).
Ainda assim, existe a possibilidade de o resultado do mês passado representar o início de um processo de desaceleração no ritmo de retiradas da aplicação mais popular do país, uma vez que o número de março corresponde a uma queda de 60,36% ante igual mês do ano passado, quando as retiradas atingiram R$ 15,36 bilhões.
Resta saber se o desempenho das cadernetas, ao longo deste ano se aproximará ou não do ‘tombo’ apurado em 2022, quando as retiradas alcançaram o nível recorde de R$ 103,24 bilhões, em meio a um quadro macroeconômico marcado por inflação e endividamento altos.
No cerne da fuga de recursos da poupança está o fato de que, mesmo com o aumento dos rendimentos da aplicação, por conta da elevação da taxa Selic (básica de juros), outras modalidades financeiras, como a renda fixa, têm conquistado a preferência dos investidores.
Em contraste com 2021, quando a retirada líquida chegou a R$ 35,5 bilhões, em 2020, a captação líquida (depósitos menos saques) atingiu o valor recorde de R$ 166,31 bilhões, em decorrência da instabilidade do mercado de títulos públicos na época, por conta do início da pandemia da covid-19, seguido do pagamento do auxílio emergencial.
Depois de render, por muito tempo, 70% da taxa Selic, desde dezembro do ano passado, o rendimento da poupança passou a corresponder à variação da taxa referencial (TR) mais juros de 6,17% ao ano, pois a Selic ficou acima de 8,5% ao ano. Por essa nova sistemática, as cadernetas voltaram a ficar acima da inflação, uma vez que seu rendimento em 12 meses, de 7,7% ao ano, superou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) – prévia da inflação oficial – que variou 5,36%.
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