Economia
Produção de montadoras se aproxima do ‘ponto morto’
Com o maior estoque de carros no pátio em três anos, setor deve assistir paralisação de 12 fábricas nos próximos dias
O ritmo das montadoras está se aproximando do ‘ponto morto’, a julgar pelas seguidas paradas de produção dos últimos dois meses, que lotam seus pátios, cujo estoque de veículos já exibe o maior volume em três anos, em torno de 204 mil veículos, só superado pelas 237 mil unidades encalhadas, em abril de 2020, devido a pandemia.
Dessa forma, a perspectiva é de que, pelo menos, 12 das 27 fábricas de carros e caminhões em atividade no país paralisem atividades nos próximos dias, na tentativa de impedir que o mercado seja ‘saturado’ pela oferta do produto, o que pressionaria os preços para baixo.
Como pano de fundo para a inércia automotiva, estariam os juros elevados (a começar pela taxa básica, Selic, mantida alta a ‘fórceps’ pelo Banco Central (BC) a título de combater a mais que resistente inflação tupiniquim), o que torna proibitivos os financiamentos do setor.
Nem mesmo a normalização do fornecimento de componentes eletrônicos – cuja escassez se acentuou nos últimos dois anos – foi suficiente para que a indústria automobilística conseguisse recuperar o nível produtivo anterior à pandemia. De igual forma, a maior demanda de veículos pelas locadoras, em março último, reverteu o desempenho adverso das vendas do setor neste primeiro trimestre, que somente superaram igual período do ano passado, cuja base de comparação é fraca, em razão da restrição de oferta de peças.
Diante de um cenário de poucos compradores, juros altos, oferta de emprego em declínio e endividamento familiar crescente, resta às montadoras negociar com os sindicatos, alternativas que evitem o pior: a demissão de trabalhadores.
Como medida para evitar a paralisação total, fábricas de caminhões optaram por manter uma jornada de trabalho de apenas um turno, pois o segmento já contava com o ‘esfriamento’ da demanda, embora o número de pedidos para encomenda de caminhões menos poluentes, frustrou sua expectativa.
Antecipando-se à tendência, a fábrica da Volkswagen de Resende (RJ) já aprovou a suspensão de contratos de trabalho (layoff), que entra em vigor a partir de 2 de maio próximo, com duração, ao menos, por três meses. A estimativa é de que a medida atinja entre 700 e 900 trabalhadores, o correspondente a um turno de produção.
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