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“A inflação de curto prazo continuará caindo, mas lentamente”
Em audiência no Senado, presidente do BC, Campos Neto, diz que ‘núcleo inflacionário’ continua elevado
“A inflação brasileira de curto prazo continuará caindo, mas muito lentamente”, admitiu, na tarde desta quinta-feira (27), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em audiência pública no Senado, da qual participaram, além do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet.
A afirmação do ‘xerife do real’, além de representar uma defesa do patamar atual da Selic (taxa básica de juros) – mantida em 13,75% ao ano, desde agosto passado – leva em conta que o chamado ‘núcleo da inflação’, que considera alguns setores-chave para a formação dos preços na economia, continuam ‘muito elevados’.
Ainda sobre a Selic elevada, o comandante do BC disse que a autarquia tem procurado ‘suavizar’ os efeitos do aperto monetário na economia, caso contrário, os “juros poderiam estar hoje em 26,5% ao ano”.
Num agrado indireto à gestão da economia por parte do governo federal, Campos Neto assinalou que ‘as curvas da inflação futura’ “vêm mostrando melhora e o início de inversão [leia-se, desinflação]”, com a contribuição de medidas que o Executivo tem tomado [sem citar quais], na direção do ‘saneamento das contas públicas’”.
Na oportunidade, o presidente do BC reafirmou que o crédito direcionado é um dos fatores que justificariam a manutenção da Selic no nível elevado atual, uma vez que “o alto volume de créditos subsidiados no país produz efeitos negativos, no sentido de reduzir a ‘eficiência’ da Selic”.
Mais adiante em sua preleção, o dirigente da autoridade monetária, igualmente, defendeu a autonomia do BC e as metas de inflação, ao considerar ‘infundadas’ as críticas disparadas contra estas. “Quando a gente olha o sistema de metas no Brasil, ele passou a maior parte do tempo dentro da banda. Sempre há questionamentos sobre ficar fora da banca, e não é verdade. Ele ficou grande parte dentro da banda e teve sete estouros em 24 anos”, rebateu.
Ainda com relação às metas de inflação, o presidente da autarquia lembrou que “quando a gente olha a situação do Chile, da Colômbia e do Peru, que têm sistemas de metas parecidos, o número de vezes que estourou a banda foi muito parecido com o do Brasil. Alguns outros países, obviamente do mundo desenvolvido, [o número foi] um pouco menor”, acrescentou.
Nesse aspecto, Campos Neto entende que o sistema de meta de inflação brasileira possui uma ‘meta cadente’, que vem ‘meio caindo’, fixada em 3% para 2024, conforme determinação do governo e execução operacional autônoma do BC.
Ao considerar indissociáveis as políticas fiscal, monetária e prudencial, que fariam “parte da mesma engrenagem’, Campos Neto advertiu que, se a economia continuar em desaceleração, devido à política monetária, “vamos ter problemas fiscais, pois a arrecadação será impactada”. Segundo ele, somente com a adoção de medidas difíceis e impopulares é que “será possível sanear as contas públicas e abrir um horizonte de planejamento maior”.
Além de observar que o governo federal tem ‘caminhado na direção correta’ e que ‘precisamos persistir no processo de estabilidade dos preços, fundamental para os mais pobres’, uma vez que ‘não se consegue estabilidade social com inflação descontrolada’.
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