Economia
Brasil deve ofertar crédito para estimular exportações para a Argentina
Equipe econômica estuda um modelo de financiamento das companhias nacionais que mantêm relação comercial com o país vizinho.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, informou, nessa segunda-feira (1º), que o governo está discutindo uma forma de estimular o crédito à exportação para a Argentina.
Segundo ele, o modelo seria uma espécie de financiamento às empresas brasileiras que vendem produtos para o país vizinho, visando ao estreitamento da relação comercial.
A equipe econômica está focada em delimitar a maneira como esse crédito seria oferecido, dadas as restrições que existem hoje no balanço de pagamento na Argentina.
Redução do risco
O país vive um momento de desvalorização da moeda local. Como o crédito seria concedido diretamente às empresas brasileiras, a operação destoaria de um risco tradicional de financiamento, segundo Galípolo.
A demanda por produtos segue existindo na Argentina, independentemente da desvalorização do peso. O único entrave seria como trabalhar a conversão da moeda para corresponder ao crédito concedido.
As empresas pegarão os financiamentos em moeda brasileira e venderão produtos em pesos argentinos, moeda que está desvalorizada hoje em relação ao real.
A pergunta que paira hoje entre os economistas do governo é: Será que o volume de pesos, ao converter para real, será suficiente para pagar a dívida?
Crise na Argentina
Galípolo defende que o Brasil deve se empenhar e tentar encontrar uma solução conjunta para a crise na Argentina, já que o destino de empresas exportadoras do Brasil também está em jogo.
Os hermanos enfrentaram uma seca severa este ano, o que impactou diretamente no valor das exportações – uma redução de mais ou menos 40%, segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Essa queda do preço gerou uma perda de US$ 17 bilhões para o país e impactou as empresas brasileiras que exportam para lá. Ao todo, são 210 companhias nacionais que mantêm relação comercial com a Argentina.
Relação mais próxima
A situação preocupa, dada a importância do país vizinho enquanto parceiro econômico do Brasil. Ele compra, principalmente, produtos industriais, ou seja, aqueles com maior valor agregado.
Assim que o novo governo tomou posse, em janeiro deste ano, um dos objetivos iniciais da gestão Lula foi restabelecer a proximidade econômica com os argentinos.
Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu US$ 6 bilhões na balança comercial com a Argentina. O país passou a comprar produtos da China.
Encontro
O presidente argentino, Alberto Fernández, esteve no Brasil nesta terça-feira (2) para encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e discutir novas medidas de recuperação.
Durante o encontro, o líder brasileiro ficou de apresentar a proposta de financiamento das empresas brasileiras que exportam para o país vizinho. Todo o processo seria feito por meio do BNDES.
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