Curiosidades
Como o escritor Voltaire fez fortuna ao perceber um ‘jeitinho’ especial na loteria da França
O filósofo foi esperto e identificou um jeito de aumentar as chances de estar entre os ganhadores. Deu tão certo que ele fez isso por vários anos
O filósofo iluminista Voltaire, cujo nome era François-Marie Arouet, ficou conhecido e famoso pelo talento na escrita, pelas críticas ao cristianismo e pela defesa da liberdade de crença e expressão.
Ele foi autor de obras de teatro, ensaios, livros científicos, poemas, romances e outros, mas, talvez, nada disso teria acontecido se ele não tivesse se beneficiado de uma falha da loteria da época.
A França enfrentava uma crise econômica severa, em 1719. O governo decidiu criar estratégias para reverter o cenário e uma delas foi a criação de uma loteria, com títulos das dívidas que era emitidos pela prefeitura de Paris.
Conversa com o amigo matemático
Apenas os donos desses débitos podiam participar dos sorteios, e Voltaire era um deles. Ao analisar bem as regras, ele conversou com o matemático Charles-Marie de La Condamine, que era um grande amigo.
O teor da conversa foi sobre como seria possível explorar o sistema de sorteios em favor deles. E não demorou muito para que eles identificassem algumas questões.
Os dois logo perceberam que os bilhetes custavam, geralmente, um milésimo do valor real da dívida. Com isso, pessoas que tinham cotas pequenas participavam pagando bem menos do que aquelas que deviam valores mais altos.
Voltaire e o matemático decidiram juntar um grupo de pessoas com encargos baixos para comprar a maior quantidade possível de entradas na loteria e concorrerem conjuntamente, uma espécie de “bolão”.
A estratégia deu certo e rendeu em torno de 1 milhão de francos para o grupo, quantia considerada alta para a época.
Ricos
Em 1729, os sorteios passaram a acontecer sempre no oitavo dia de cada mês. O primeiro prêmio havia sido dividido entre os integrantes do “bolão”, mas do segundo em diante a história mudou um pouco.
Voltaire e o amigo Condamine ganharam verdadeira fortuna nessa história. O escritor comprou uma casa de campo, investiu em imóveis e concedeu empréstimos.
As autoridades francesas perceberam que algo estava errado no processo de sorteio da loteria e decidiram mudar as regras. A essa altura, no entanto, o filósofo já havia feito o próprio “pé de meia” e vivia uma vida tranquila.
Denúncia
O controlador geral de Finanças da época, Michel Robert Le Peletier des Forts, chegou a denunciar o grupo, dizendo que havia agido de forma ilegal, mas o conselho real da França não acatou a denúncia.
No entendimento da Justiça local, as pessoas não tinham violado as regras, pois a culpa era do sistema de loteria que funcionou por tempo considerável permitindo brechas.
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