Fluxo cambial ‘despenca’ de US$ 3,58 bilhões, em março, para US$ 844 milhões, em abril

Mais do que a queda acentuada do fluxo cambial do país em abril (US$ 844 milhões), ante março (US$ 3,580 bilhões), chamou a atenção do mercado o erro recorrente do Banco Central (BC) na divulgação do indicador, na última quarta-feira (10), que ‘inverteu o sinal’ e passou a ser negativo em US$ 200 milhões.

Intencional ou não, essa não é a primeira vez que o departamento de Estatísticas da autoridade monetária comete a ‘trapalhada’, pois, no final de janeiro deste ano, o fluxo cambial de 2022 passou de um saldo positivo de US$ 9,574 bilhões para um negativo de US$ 3,233 bilhões. A recorrência da impropriedade numérica ainda não teve qualquer explicação mais convincente por parte da autarquia.

A suspeita de que havia algo errado no cálculo do BC ganhou corpo, devido à incompatibilidade entre os valores diários e do total do mês passado. Ao equívoco crasso no trato dos dados cambiais, a autarquia se limitou a classificar de ‘inconsistência’.

Em nota, a autoridade monetária afirmou – na publicação dos ‘Indicadores Econômicos Selecionados’, na tabela 11 – que o movimento referente ao câmbio contratado’ “apresentou inconsistência entre os valores diários de abril e o total do mês”, mas ressalvou que “os valores diários estão todos corretos”, acrescentando, em seguida, que “a linha com o valor do mês fechado de abril foi corrigida e a tabela, republicada. Não houve inconsistência na publicação dos valores referentes a maio, nem nas séries temporais”, completou.

Considerando os dados corretos, pelo canal financeiro – que inclui investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações – no mês passado, houve saídas líquidas de US$ 5,174 bilhões, ao passo que pelo canal comercial, o saldo de abril foi positivo em US$ 6,108 bilhões. No acumulado do ano, o fluxo cambial do país, computado até o dia 28 de abril, totaliza US$ 13,533 bilhões.

Já para a formação do saldo positivo de US$ 3,580 bilhões de fluxo cambial em março, o fator determinante foi o ingresso, no mercado doméstico, de moeda por via comercial. Ainda assim, tal montante é ainda inferior aos US$ 4,774 bilhões que tiveram ingresso no país em fevereiro.

Também em março, pelo canal financeiro, foram registradas saídas de US$ 3,462 bilhões, enquanto que pelo canal comercial, o saldo foi positivo em US$ 7,042 bilhões.