Commodities
Chuva continua insuficiente para plantio de soja 2020/21 avançar no Brasil
Esse é o maior atraso no plantio da soja em dez anos, e pode prejudicar outras culturas.
As chuvas que estavam previstas para voltar ao país depois do dia 10 de outubro caíram de forma irregular e ainda são o bastante para que a semeadura de soja 2020/21 deslanche de maneira considerável no Brasil.
Esse é o maior atraso no plantio da soja em dez anos, e está cada vez mais perto de prejudicar os plantios de milho e algodão na segunda safra. Além disso, a seca também disparou o sinal de alerta para a para possível perda de produtividade do milho verão no Sul.
Diante de um cenário de pressão para soja e milho nos Estados Unidos relatado pelo Departamento de Agricultura do país (USDA), pode-se “aumentar a sensibilidade das cotações em Chicago a qualquer frustração de safra na América do Sul”, avaliou o gerente de consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Belletti.
“A chuva ainda não chegou (como deveria) e o plantio avançou muito pouco”, afirmou Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
Ele acredita que os agricultores estão mais temerosos sobre os efeitos da seca nas regiões que fazem “safrinha”, tanto de milho quanto de algodão. Até a última semana, a preocupação pairava apenas sobre as lavouras onde a pluma é cultivada após a colheita da oleaginosa.
“Já é dia 13 de outubro e o plantio da soja não deslancha no Brasil”, disse na terça-feira o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima.
O agrometeorologista disse que as águas dos oceanos Pacífico e Atlântico estão muito frias, o que impede a formação de nuvens de chuvas generalizadas e em bons volumes.
Desse forma, o caso não é a total ausência de chuvas, mas a dificuldade de grandes precipitações ao menos até quinta-feira, quando chegará a próxima frente fria.
Segundo o meteorologista da Somar, Celso Oliveira, diante da tendência de novas pancadas de chuva é possível que haja algum avanço na semeadura da soja, mesmo que irregular.
“É possível que áreas produtoras do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), nordeste de Mato Grosso e norte de Goiás permaneçam paradas, à espera de chuva mais intensa no fim do mês”, avaliou.
No maior Estado produtor do país o plantio da oleaginosa chegou a 3,02% da área até o dia 9 de outubro, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O número é menor do que os 18,78% vistos em 2019/20 e também está abaixo da média histórica para o período, de 16,6%.
Nesse meio tempo, produtores de Mato Grosso avançam para patamares nunca antes vistos na venda da soja. De acordo com o Imea, 60% da produção prevista para 2020/21 já foi vendida, assim como 6,21% da safra 2021/22, que será plantada só em setembro de 2021.
No Paraná, o plantio avançou para 16% da área estimada e registra seu maior atraso em pelo menos cinco anos. No mesmo período da safra passada, o plantio já estava em 22%, enquanto em 2018, por exemplo, 47% da área de soja já estava semeada, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).
La Niña
Santos, da Rural Clima, alertou que o enômeno La Niña está com intensidade fraca, mas pode trazer complicações para as safras gaúchas. O fator soma-se às condições climáticas adversas vistas em todo o país.
“O grande problema está no Sul, em especial no Rio Grande do Sul, onde mesmo com o avanço de uma frente fria nessa próxima quinta-feira, ela não conseguirá provocar chuvas sobre o Estado, levando a mais um período de tempo seco”, afirmou.
Esta condição climática pode fazer com que o potencial produtivo das lavouras de milho primeira safra comecem a degradar, acrescentou.
Sobre a queda nos rendimentos do cereal pela falta de precipitações, Oliveira, da Somar, disse que o prejuízo pode atingir tanto o Rio Grande do Sul quanto o Paraná, Estados que “permanecerão neste cenário por pelo menos mais sete dias”.
Já o arroz, cuja maior parte do plantio é feita no Rio Grande do Sul, ambos os profissionais levantam a possibilidade de corte nas áreas de plantio, por causa do menor volume de água nos reservatórios que abastecem os sistemas de irrigação das lavouras.
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