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“Real digital deve trazer ‘eficiência’ e reduzir custos das transações financeiras”
Campos Neto admite ‘desafio’ de conciliar automatização de criptomoeda tupiniquim com a proteção de dados
Embora não vise competir com outras criptomoedas ou stablecoins (já em circulação), o real digital poderá contribuir para “trazer ‘eficiência’ ao sistema bancário, resultando na queda nos custos das transações financeiras”. A expectativa foi manifestada, nesta sexta-feira (2) pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao participar do Valor Capital’s Crypto Workshop, organizado pelo Valor Capital Group.
“Vários países têm seus próprios sistemas de pagamento e há uma dificuldade ainda em conectar esses sistemas de uma forma eficiente. Mas estou muito otimista nessa questão”, afirmou o dirigente da autoridade monetária, ao revelar que a chamada CBDC, a moeda digital, ainda se encontra na fase de projeto piloto.
“Acho que, conversando com outros bancos centrais, o debate em torno de moedas digitais está muito concentrado em pagamentos. No nosso caso, vai muito além de pagamentos”, afirmou Campos Neto, ao acrescentar que a inovação digital abre espaço para o desenvolvimento dos chamados ‘contratos inteligentes’.
Indo além das vantagens da criptomoeda tupiniquim, contudo, o dirigente do BC admitiu ser ‘desafiador’ automatizar o real digital e proteger dados, ao mesmo tempo. “É uma das questões que ainda precisam de respostas”, confessou, em inglês, no evento internacional.
Para conciliar automatização com proteção de dados, Campos Neto afirmou que a autoridade monetária está “tentando alcançar um regime mais digitalizado de intermediação financeira”, ao comentar ‘estar otimista’ em relação a interoperabilidade de sistemas de pagamentos entre países.
“Podemos avançar em automatizar coisas e ficar mais eficientes, mas em sistemas centralizados você consegue proteger melhor os dados. Fábio [Araújo, que coordena o projeto do real digital] está trabalhando em modelos diferentes para termos certeza de que vamos ter isso”, explicou.
Sobre a alegada ‘má reputação’ conferida às criptomoedas, Campos Neto apontou a ‘desinformação’ como causa primordial de tal imagem negativa, argumentando ser ‘muito fácil usar desinformação para ir contra a inovação’. A respeito da perda de dinheiro por investidores no mundo cripto, o dirigente do BC comparou a situação à aposta em cassinos.
“Foi uma conversa interessante no board [diretoria] do BIS [Banco de Compensações Internacionais, responsável pela supervisão bancária], na qual eu disse: bom, cassino é muito ruim, as pessoas costumam perder dinheiro, mas, na verdade, há muita desinformação nisso e é muito fácil usar desinformação para ir contra a inovação. E porque as pessoas perdem dinheiro – elas perdem dinheiro em coisas diferentes, mas perdem nisso também – há uma má reputação. Acho que, no fim, estaremos focando mais em tecnologia”, concluiu.
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