Ações, Units e ETF's
Suposta fraude na Americanas envolve 30 pessoas
Companhia tem mais de R$ 40 bilhões em dívidas.
A suposta fraude na Americanas (AMER3) envolve 30 pessoas, no mínimo, segundo detalhamento do atual CEO Leonardo Pereira Coelho.
Ele compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em Brasília, esta semana, e trouxe informações novas a público.
Levantamento do Estadão aponta que Coelho apresentou aos parlamentares parte das informações do relatório de um comitê independente que apura o desfalque internamente. Segundo ele, os documentos indicariam participação da antiga diretoria da companhia na fraude, que teria causado um rombo de R$ 42 bilhões.
De acordo com o comitê, o ex-presidente da companhia Miguel Gutierrez e mais seis ex-diretores teriam liderado a fraude. O comitê ainda não analisou todos os documentos disponíveis, tampouco o conteúdo da provável defesa dos que estão sendo acusados de fraude.
A Americanas (AMER3) e o banco
Vale lembrar que os bancos Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) publicaram notas nas quais se isentam de responsabilidade pelas operações de risco sacado da Americanas SA (AMER3). A informação é do Valor Econômico.
O Itaú reconheceu que alterou a forma como reportava essas operações, mas afirmou que passou a apresentar a informação de que fazia antecipação de recebíveis emitidos contra a empresa, permitindo que “as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário”.
Já o Santander lembrou que a própria varejista reconheceu que suas demonstrações financeiras vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, o que “por si só, comprova taxativamente que a única e exclusiva responsabilidade pelas inconsistências contábeis é da Americanas, por intermédio de sua antiga diretoria”.
Nota do Itaú
Na tarde desta data o Itaú encaminhou ao Capitalist seu posicionamento em relação ao caso. Segue na íntegra:
O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas “risco sacado”. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada ontem pela companhia ao mercado.
Documento sobre a fraude
No dia 13 de junho a Americanas (AMER3) trouxe novos esclarecimentos acerca de suposta fraude ocorrida na companhia, por meio de fato relevante encaminhado ao mercado.
De acordo com o documento, no FR do dia 13 de junho de 2023, a companhia descreveu seu entendimento atual acerca do funcionamento da fraude em suas demonstrações financeiras que envolveram resumidamente, e em números preliminares e não auditados:
Nos Demonstrativos de Resultado da Companhia
- Diversos contratos de VPC artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da Companhia que atingiram o saldo de R$21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022;
- Ausência de lançamentos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado da Companhia ao longo do tempo, totalizando o saldo de R$3,6 bilhões em 30 de setembro de 2022.
- Portanto, no que diz respeito aos resultados da Companhia ao longo do tempo, a fraude descrita ajudou a incrementá-lo em R$25,3 bilhões.
No Balanço Patrimonial da Companhia em 30/09/2022
- Contrapartidas contábeis dos contratos de VPC artificialmente criados e lançamento incorreto dos juros sobre operações financeiras mencionados acima, ambos contabilizados na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando os saldos de R$17,7 bilhões e R$3,6 bilhões, respectivamente;
- A contratação de operações de financiamento de compras (risco sacado, forfait ou confirming) de R$18,4 bilhões e de capital de giro de R$2,2 bilhões, ambas inadequadamente contabilizadas na conta de fornecedores no balanço patrimonial da Companhia.
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