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Mercado reage positivamente ao novo plano de recuperação judicial da Light
Nova proposta prevê que concessionária precisará receber injeção de R$ 2 bilhões no prazo de 30 dias
Viável e capaz de garantir recursos no caixa da empresa no curto prazo. Sob essa avaliação, o mercado recebeu de forma positiva a última versão do plano de recuperação judicial da Light, que poderá implicar a injeção de R$ 2 bilhões em 30 dias no caixa da concessionária.
Aos pequenos investidores, foi oferecida a alternativa de receber integralmente um montante de até R$ 10 mil no período máximo de um mês. Já em relação aos fundos de investimentos, que detêm posições mais expressivas da empresa, será necessário avançar nas discussões, uma vez que uma eventual participação de instituições financeiras em um leilão, no futuro, poderá demandar um desconto mínimo de 60%.
A despeito do socorro financeiro, persiste o desafio da empresa em torno de uma solução definitiva para as permanentes perdas de energia (vulgos gatos), sobretudo em áreas de risco, mesmo em caso de renovação da concessão.
Conforme relatório elaborado pelo administrador judicial, Licks Contadores Associados, há áreas de severa restrição operacional, em comunidades e áreas de risco, que respondem por perdas de 3.759 GWh (Gigawatt-hora), do total de 9.101 GWh em 2022. Ao mesmo tempo, dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a reguladora do setor, entre as concessionárias do país, a Light SESA foi a que mais perdeu mercado de baixa tensão no Brasil.
Para o estrategista de investimentos da Nexgen Capital, Heitor Martins, “o plano é bom para os debenturistas e a empresa, pois leva em conta a disponibilidade de caixa e a estrutura de capital”. Na sua avaliação, “os investidores institucionais tendem a preferir prazos mais longos ou negociações no pagamento de juros ou de amortizações do que um deságio tão grande. Esse tipo de situação costuma abrir frente de negociação.”
O plano de recuperação judicial teria, a figura intitulada ‘parceiro 1‘, que faria jus à remuneração de Notas do Tesouro Nacional, série B (NTN-B), mais 2% ao ano, com pagamento a partir de 2026. No caso do ‘parceiro 2’, o pagamento teria início em julho de 2026, levando em conta a variação do IPCA (índice oficial de inflação), acrescido de juros de 4,85% ao ano.
Levando em conta que, por natureza, as concessões têm prazos longos – que podem chegar a 30 anos – a avaliação de especialistas é de que, nesse momento, é muito relevante que a concessionária mantenha um ‘bom relacionamento com o mercado’, assim como possa dispor de novos financiamentos. “Não honrar um compromisso prejudica a operação da companhia. Mas o plano veio ao encontro dessa necessidade de relacionamento com o mercado”, avalia Martins.
Pela última proposta, a companhia precisará obter, junto ao mercado, pelo menos R$ 1 bilhão por meio de novas linhas de crédito, FIDC (Fundo de investimento em direitos creditórios) e securitizações, além de outros R$ 3 bilhões, mediante capitalização – que permite troca de dívida por ações. Além disso, está à mesa de negociações do plano, o benefício de recebimento integral de créditos a investidores que prestaram apoio à separação total da estrutura de capital da Light Energia (geradora), condicionada à renúncia absoluta a obrigações via Light S.A. (holding).
Aqueles investidores que desejarem apoiar a Light SESA (distribuidora) – detentora de R$ 6,3 bilhões em debêntures – a proposta é de um investimento em recursos em um FIDC da distribuidora, à razão de 1,2 para 1: a cada R$ 1,20 de novo dinheiro aportado, R$ 1 de crédito poderá aderir à opção, com recebimento integral.
Uma vez consolidada a proposta, agora a Light precisará renovar a concessão junto à Aneel. Como o contrato de concessão expira em 4 de junho do ano que vem, a concessionária vem tentando antecipar tal renovação, o que foi solicitado no início do mês passado. A autarquia, por sua vez, dispõe de um ano e meio para tomar uma decisão a respeito.
Segundo nota referente ao plano de recuperação judicial da companhia, o Comitê de Gestoras de Fundos de Investimento em Debêntures da Light – representante de mais de 3 milhões de investidores pessoas físicas – revelou que foram emprestados R$ 5 bilhões à distribuidora fluminense, por meio de fundos de investimentos.
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