Perda de confiança em incentivos na China recoloca minério no terreno negativo

O peso de indicadores econômicos desfavoráveis da China superaram as expectativas positivas do mercado em relação aos estímulos prometidos pelo governo de Pequim ao combalido setor imobiliário, o que acabou interrompendo a recuperação das cotações do minério de ferro, que voltaram a cair, na sessão desta segunda-feira (17).

Em consequência, a commodity com vencimento em setembro próximo (DCIOcv1), na bolsa de Dalian (China), encerrou as negociações recuando 0,9% a US$ 116,05 ou 832,5 iuanes por tonelada, logo após atingir uma máxima de quatro meses, na sessão imediatamente anterior. Depois de chegar à máxima em três meses – quatro altas seguidas – na última sexta-feira (14), o insumo siderúrgico de referência para agosto próximo (SZZFG3) também recuou 1,7%, a US$ 112,3 por tonelada na bolsa de Cingapura.

Como plano de fundo da perda de ‘tração’ da commodity está o ritmo frágil de crescimento econômico, segundo o mercado, de apenas 0,8% no segundo trimestre do ano (PIB de US$ 8,3 trilhões), em relação ao trimestre anterior, quando a economia do gigante asiático havia avançado 2,2%. Ante igual trimestre de 2022, a expansão chegou a 5,5%, e a 6,3%, acumulada no primeiro semestre de 2023.

Ao mesmo tempo, a produção industrial do país oriental exibiu reação significativa, ao avançar 4,4% em junho deste ano, ante igual mês do ano passado, enquanto o varejo cresceu 3,1%, sob o mesmo comparativo. De acordo com o escritório nacional de estatísticas da China NBS, o crescimento da produção da indústria no primeiro semestre do ano foi de 3,8% e do varejo, que apurou alta de 8,2%.

Na avaliação do porta-voz do NBS, Fu Linghui, a produção industrial local exibiu recuperação constante na primeira metade deste ano, com destaque para a rápida expansão do segmento de equipamentos, que subiu 6,5%, em relação a igual período de 2022, se situando 2,7 pontos percentuais acima da média geral da indústria chinesa.

Apesar dos bons resultados da indústria da China, estes não evitaram que as vendas de imóveis apresentassem queda acentuada no mês passado, em comparação com maio, uma vez que a taxa de investimento no setor imobiliário desceu para um nivei inferior a dois dígitos. Ao mesmo tempo, as exportações do país recuaram ao patamar mais baixo, em junho último.

A retração de preços do minério, por seu turno, também foi impactada pelas declarações do vice-governador do Banco Popular da China, Li Guoqiang, ao prever que, neste segundo semestre, a política monetária deverá ser “direcionada e vigorosa”.