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Custos crescentes ‘colocam em xeque’ futuro da energia eólica
No momento em que a crise climática se acirra, projetos de envergadura podem não ‘vingar’
A combinação da crise climática global com problemas de mercado tem ‘colocado em xeque’ o potencial de expansão da energia eólica ao redor do planeta. Em consequência, muitos projetos promissores dessa matriz energética limpa estão sendo adiados ou até descartados, em vários pontos do globo.
Em contraste com as temperaturas elevadas, em decorrência da mudança brusca do clima – que sobrecarregam as redes elétricas em todo o mundo e ‘aquecem’ a demanda por geração adicional urgente de energia – os custos crescentes de materiais, sobretudo o aço, acabaram encarecendo o preço das turbinas, assim como dos custos de serviços logísticos fundamentais, como aqueles prestados por embarcações especializadas na instalação das turbinas, que subiram drasticamente. Para completar a receita amarga desse negócio renovável, as taxas de juros em ascensão desaconselham investimentos e muito menos, a formação de dívidas.
Diante desse cenário desalentador, alguns dos principais projetos eólicos offshore (em alto-mar) enfrentam dificuldades para prosseguir, colocando em risco bilhões de dólares em investimentos.
São exemplos de tal situação crítica o cancelamento de um contrato de venda de energia de um parque eólico na costa de Massachusetts (EUA), pela unidade da espanhola Iberdrola; a perda de uma licitação, pela dinamarquesa Orsted, para fornecimento de energia eólica offshore para Rhode Island (EUA), cuja proposta foi considerada muito cara; a inflação de matérias-primas levou a estatal sueca Vattenfall AB a descartar o plano de um parque eólico na costa da Grã-Bretanha. Se considerados em conjunto, os três projetos suspensos corresponderiam à produção de 3,5 gigawattts de energia ou mais 11% do total da geração eólica offshore implantada nas águas dos Estados Unidos e da Europa.
Ao reconhecer, em post publicado no site Linkedin, que os custos de capital e os preços de turbinas, cabos e outros equipamentos ‘subiram acentuadamente’, o diretor-executivo da Orsted, Mads Nipper previu que, “infelizmente, o preço da energia renovável deve subir temporariamente após anos de declínio acentuado”.
Para a chefe do segmento eólico da Vattenfall, Helene Bistrom, durante uma teleconferência de resultados, na semana passada, “a energia proveniente desses projetos é desesperadamente necessária”. Na sua avaliação, “com as novas condições de mercado, não faz sentido continuar”.
Ao mesmo tempo, ao menos 9,7 gigawatts em projetos dos EUA correm risco, uma vez que seus desenvolvedores desejam renegociar ou rescindir contratos, com o objetivo de vender energia a preços baixos o suficiente para assegurar o retorno dos investimentos.
Mesmo com projetos mantidos, nos Estados Unidos e no Reino Unido, pelas grandes petrolíferas BP e Total, voltados a parques eólicos offshore no Mar do Norte da Alemanha, que envolvem investimentos no montante de 12,6 bilhões de euros (US$ 14 bilhões) podem implicar um preço mais ‘salgado’ a ser pago pelos governos.
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