Empresas
Invepar não vai mais vender participação no aeroporto de Guarulhos e discute renegociação contrato
Reequilíbrio do contrato poderia gerar desconto de 600 milhões a 800 milhões de reais no total de outorga devida em 2020.
O vice-presidente financeiro da Invepar, Enio Stein, informou nesta quarta-feira que a empresa não deseja mais vender sua fatia no aeroporto de Guarulhos (SP) e quer fechar ainda neste ano com o governo federal um acordo de reequilíbrio do contrato de concessão que poderia acarretar em um desconto de 600 milhões a 800 milhões de reais no total de outorga devida em 2020.
O terminal de Guarulhos também sofreu profundamente com os efeitos da pandemia de coronavírus, que devastaram todo o setor aéreo e de turismo mundial. De acordo com Stein, Guarulhos chegou a operar com cerca de 5% de sua capacidade no setor internacional e apenas 10% nas operações domésticas entre março e abril, pico das medidas de isolamento social.
A situação vem melhorando gradualmente, mas o aeroporto segue operando com cerca de metade da capacidade, disse ele. No período pré-pandemia, a estimativa era que Guarulhos poderia chegar a 45 milhões de passageiros neste ano, mas as novas estimativas da Invepar indicam movimento em torno de 20 milhões. Guarulhos tem outorga anual de 1,2 bilhão de reais.
Neste ano, o ministro dos Transportes, Tarcísio de Freitas, vem repetindo que o governo pretende renegociar os contratos de concessões devido à pandemia apenas daqueles que não tinham problemas anteriores à crise.
Sobre as negociações com o governo, Stein afirmou que “a ideia em discussão é compensar uma parte de passageiros perdidos com a redução da outorga. A ordem de grandeza é de 600 milhões a 800 milhões de reais. É como se fosse desconto”. A concessão de Guarulhos vai até 2032.
Mesmo antes da pandemia, a Invepar já havia considerado a venda do terminal de Guarulhos, mas diante dos impactos na demanda futura de passageiros e incertezas geradas pelo vírus, a ideia se dissipou.
“A ideia de vender morreu…o que dificulta fazer uma venda é o nível de incerteza no mercado muito elevado”, disse Stein. “Acho difícil alguém chegar com um cheque; mas parcerias, modelos conjuntos são propícios”, acrescentou.
Reestruturação de dívida
O plano da Invepar era transferir a credores parte de seus ativos, como as concessões da Linha Amarela e MetrôRio, no Rio de Janeiro. A empresa está em meio a um processo de reestruturação de dívida que hoje ronda os 2,1 bilhões de reais.
Contudo, as negociações sobre a reestruturação do passivo da companhia ficaram mais difíceis após uma liminar da justiça devolver à prefeitura carioca a concessão da via expressa neste ano.
Nesta quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve julgar a liminar concedida à prefeitura do Rio sobre a Linha Amarela. Nesse meio tempo, a empresa aguarda desdobramentos da oferta de compra apresentada pela gestora brasileira Latache Capital aos controladores.
A Invejar não deve participar da agenda de concessões do governo federal até 2021 devido ao processo de reestruturação do passivo da empresa, disse Stein. A companhia deverá voltar ao mercado para estudar oportunidades só a partir de 2022, quando está prevista a licitação de aeroportos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ).
“São dois ativos que cabe olhar; vai depender de modelo, quem são os competidores, mas conceitualmente são ativos que fazem sentido para nós”, afirmou Stein.
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