Economia
Economia cresce 0,9% no segundo trimestre (2T23), oitava alta trimestral seguida
Resultado, porém, sinaliza desaceleração econômica, ante crescimento de 1,8% no 1T23
Oitava alta trimestral consecutiva, a economia brasileira avançou 0,9% no segundo trimestre deste ano (2T23), no comparativo trimestral, mas este resultado denota tendência de desaceleração da atividade, uma vez que nos primeiros três meses de 2023 (1T23), o crescimento atingiu 1,8%.
A informação foi divulgada, nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao calcular que o Produto Interno Bruto (PIB) do país – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – totalizou R$ 2,651 trilhões.
A partir do resultado do 2T23, o PIB agora acumula alta de 3,2% em 12 meses, avanço de 3,4%, no comparativo anual e elevação de 3,7% no comparativo semestral (1S23/1S22), além de se situar 7,4% acima do nível pré-pandemia.
Por setores, a indústria (+0,9%), teve melhor performance que os serviços (+0,6%), no comparativo mensal, embora estes últimos sejam responsáveis por 70% da dinâmica econômica.
Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, “o que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”.
Como segundo crescimento seguido, a indústria, por seu turno, teve como destaque a atividade extrativa, que subiu 1,8%, em decorrência da expansão da extração de petróleo e gás e de minério de ferro, itens associados à exportação. Ainda que permaneça acima do patamar pré-pandêmico, o setor industrial não conseguiu recuperar o ponto mais alto da série histórica, registrado no terceiro trimestre de 2013 (3T13).
‘Efeito estatístico’ – Por uma questão mais estatística do que real, a agropecuária foi o único setor da economia a apresentar recuo de 0,9% no 2T23, ante o trimestre anterior. Sobre tal desempenho, Rebeca comenta que, “se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”.
Maior alta desde o segundo trimestre de 2022 (2T22), o consumo das famílias no segundo trimestre deste ano (2T23) aumentou 0,9%. Neste aspecto, a coordenadora do IBGE assinala que, “do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”.
Investimentos ficam estáveis – Pelo lado do governo, no 2T23, o consumo subiu 0,7%, marcando o quarto resultado positivo seguido, enquanto os investimentos permaneceram estáveis (0,1%), correspondentes a uma taxa de investimentos de 17,2% do PIB, inferior, portanto, aos 18,3% do PIB, exibidos no 2T22.
No mesmo comparativo trimestral, a taxa de poupança igualmente caiu, de 18,4% no 2T22, para 16,9% no 2T23, como reflexo do fim do ciclo pandêmico. “Durante a pandemia, houve aumento porque as famílias de maior renda, por não poderem consumir certos serviços, pouparam esse dinheiro excedente. Com a normalização da demanda e oferta dos serviços, a taxa de poupança caiu”, observa Rebeca.
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