Economia
Sai em outubro, primeira amostra de combustível sustentável de aviação (SAF)
Para viabilizar laboratório do projeto, cooperação Brasil-Alemanha investiu quase R$ 4 milhões
Até outubro deste ano, o país já terá sua primeira amostra de combustível sustentável de aviação (SAF ou Sustainable Aviation Fuels, na sigla em inglês), que se tornará comercializável, logo após sua certificação pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A previsão é da coordenadora do projeto e pesquisadora-doutora em Engenharia de Petróleo do Laboratório de Sustentabilidade do ISI-ER (Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis), Fabiola Correia.
Na última terça-feira (5), o ISI-ER e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável inauguraram, no Rio Grande do Norte, o pioneiro Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA) do país, fruto da parceria celebrada entre os dois países.
Para que se tornasse viável a produção do QAV sintético pelo H2CA, o projeto H2Brasil – que faz parte da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável – investiu mais de 712 mil euros (o equivalente a quase R$ 4 milhões). No total, o projeto deverá demandar investimentos de R$ 7,46 milhões.
A previsão é de que a infraestrutura – referente à primeira planta-piloto instalada no Brasil, exclusivamente para fins de produção do combustível sustentável de aviação deverá ser instalada no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Norte (Senai-RN), na capital potiguar, Natal.
Entre as missões da iniciativa, uma das principais é o desenvolvimento de um combustível que ajude a reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo nacional.
De acordo com Fabiola, “esta é uma planta-piloto com maturidade industrial que possibilita passarmos da escala de produção experimental que tínhamos até então para uma escala maior, piloto, permitindo o desenvolvimento de testes e de novos produtos em condições reais de operação industrial”.
A expectativa dos formuladores do projeto é de que o Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados eleve, de 200ml/dia para até 5 litros/dia a produção de Syncrude, que vem a ser o petróleo sintético desenvolvido no ISI-ER, depois convertido em SAF.
Já a capacidade de produção do Syncrude terá de ser dimensionada por meio de experimentos na área, sem contar estudos de viabilidade técnica e econômica que, até o final deste ano, deverão definir o preço do novo combustível.
Por sua vez, o SAF deverá ser obtido a partir da glicerina, considerado um coproduto da indústria de biodiesel, dotado de alto valor energético, embora subutilizado no país e ainda exportado com baixo preço de mercado.
Ao mesmo tempo, a maior oferta do produto excedente e seu custo reduzido abrem perspectivas de barateamento do novo combustível, observa a pesquisadora, o que pode, também, elevar o valor agregado do produto.
“O Brasil exporta hoje a glicerina e ainda sobra. Com o projeto que estamos desenvolvendo, a ideia é usá-la como matéria-prima do jeito que sai da indústria ou com pré-tratamento, dando a ela uma destinação mais nobre, que agrega valor por meio da produção do combustível, resolve uma demanda ambiental importante e traz soluções à indústria”, conclui Fabiola.
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