Commodities
Colheita de soja do Brasil, que está atrasada, pode iniciar com 70% da produção já vendida, diz StoneX
StoneX estima que produtor já vendeu 53% da produção brasileira antecipadamente, mais de 70 milhões de toneladas.
Além de uma colheita de soja tardia na safra 2020/21 no Brasil, causada pelo atraso no plantio, é possível que ao final de janeiro até 70% da produção prevista para a temporada já tenha sido vendida, disse nesta quinta-feira a consultoria StoneX.
Com isso, os preços da soja, que ficaram acima de 160 reais por saca no porto de Paranaguá (PR) nesta semana por conta da escassez, um nível nunca visto, deverão ser aliviados após o início dos trabalhos.
Mas o atraso no plantio pela demora na regularização das chuvas não representa por ora problemas para a produtividade ou para a extensão da área plantada, já que a safra deverá ser semeada dentro da janela adequada para a oleaginosa, disse a analista de inteligência de mercado Ana Luiza Lodi, da StoneX.
Com isso, a consultoria reiterou a projeção de crescimento de área em 3% sobre a safra anterior, para um recorde de quase 38 milhões de hectares, o que pode desencadear em uma safra recorde de 132,6 milhões de toneladas, crescimento de 7% em relação à temporada passada.
O projeção considera investimentos que estão sendo realizados na lavoura, em meio aos preços recordes e às fortes fixações de vendas.
Segundo a estimativa da StoneX, o produtor já vendeu 53% da produção brasileira antecipadamente, mais de 70 milhões de toneladas, um volume superior à safra do terceiro produtor mundial do produto, a Argentina.
“Tem que ver como o produtor vai se comportar, com essas questões de clima, ele acaba ficando mais comedido. Mas daqui a três meses, quando começar a colheita, algo entre 60% e 70% da safra pode já estar vendido”, afirmou Lodi.
“Os preços podem, quando a colheita ganhar força, dar uma baixada, mas nada tão significativo, porque vamos começar a safra 2020/21 com expressivos volume vendidos”, acrescentou.
Lodi também afirmou que o atraso no plantio do país, maior produtor e exportador global de soja, tem resultado em renegociações nas entregas de soja antes previstas para janeiro pelos produtores.
De acordo com relatos do mercado, muitos deles estão postergando as entregas para fevereiro, quando a colheita tende a estar mais robusta, disse ela.
A despeito da concentração maior do início da colheita em fevereiro, a analista disse não acreditar em problemas logísticos e nos portos, devido aos recentes investimentos para otimizar o escoamento.
“Não deve ter problemas em portos, pode ter aumento no custo de frete, mas não deve faltar logística”, opinou.
Mas soja brasileira começará a ser exportada um pouco mais tarde, o que deve reforçar a janela de exportação dos Estados Unidos, recordou.
“Tanto que já tem produtor renegociando contratos, renegociando para entregar em fevereiro”.
Ao final de janeiro, o Brasil teve 10% da safra 2019/20 colhida, enquanto em 2018/19, 20% da colheita havia sido realizada. Na temporada atual haverá disponível menos de 10% da soja projetada para o ciclo com “grande certeza”, garantiu Lodi.
Em sua visão, as esmagadoras de soja já sabem que janeiro tradicionalmente não é um mês de oferta grande. Mas nesta temporada a baixa oferta carregada da safra anterior, após fortes exportações e grande consumo interno, vai acirrar a disputa com os exportadores.
“Vamos terminar 2020 praticamente sem soja, então janeiro, quanto mais demorar a entrar a safra nova no mercado, mais reforça a restrição da oferta”, disse ela. Mesmo que chuvas comecem a se regularizar para o plantio, não será possível excluir p atraso, completou.
No Mato Grosso, que normalmente lidera os trabalhos de colheita, menos de 10% da área estava plantada até a última sexta-feira, contra mais de 40% na comparação ano a ano.
Milho primeira e segunda safra
A StoneX manteve suas estimativas para o milho primeira safra, com colheita projetava em 27,9 milhões de toneladas, mas está de olho em uma seca no Rio Grande do Sul, importante Estado produtor do cereal.
Já a segunda safra, semeada após a colheita da soja, o atraso preocupa, mas produtores pretendem ampliar a área diante de preços favoráveis, e deverão avançar de acordo com os indícios climáticos sobre o aumento ou não das chuvas, disse Lodi.
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