Economia
A meta de zerar o déficit primário para 2024 está ‘morta’
Recado foi dado pelo mandatário do país ao subordinado Haddad, defensor da ideia
Em choque direto com o ministro mais importante de seu governo (o da economia, Fernando Haddad), o mandatário do país Lula da Silva atropelou o subordinado, em alto e bom som, ao sentenciar: “Dificilmente chegaremos à meta de déficit zero em 2024”.
Mais do que exibir a ‘fratura exposta’ da ambiguidade governamental em matéria fiscal, a fala presidencial deixa claro que o ‘chefe’ elegeu como prioridade a gastança federal a fim de atender seus redutos eleitorais, por meio de seus programas sociais de estimação.
Ao mandar ‘para o espaço’ o critério republicano da responsabilidade social, via equilíbrio fiscal, o mandatário, em entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, procurou amenizar o discurso:
“Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal a gente vai cumprir. O que eu posso dizer é que ela não precisa ser zero, o país não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para esse país. Eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida”, disparou.
Outra declaração lulista lapidar atesta seu desprezo sobre o trato econômico sério com o dinheiro público: “E se o Brasil tiver déficit de 0,5%, de 0,25%, o que é? Nada”, questionou, sem esconder o desconhecimento da problemática fiscal, até porque, os percentuais citados se referem ao PIB, o que representa bilhões de reais ‘economizados’ e provenientes dos impostos pagos pelos contribuintes. Dentro desse cálculo, 0,5% do PIB equivaleria hoje a algo em torno de R$ 13 bilhões. Pouco para a Esplanada dos Ministérios, mas um universo para o anônimo cidadão.
A defesa de Haddad em favor do resultado primário zero no ano que vem, proposta central do arcabouço fiscal (com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual, que pode variar de um superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) a um déficit, da mesma magnitude), porém, dá sinais de não contar com qualquer apoio da ala política governista.
Apesar do discurso perdulário calibrado para a ‘petezada’ organizada, na prática, o Executivo (leia-se, a equipe econômica dissonante do Palácio) tem enviado ao Congresso uma avalanche de medidas provisórias e projetos de lei, visando reduzir ou extinguir benefícios fiscais concedidos nos últimos anos, como tentativa de elevar a arrecadação federal, uma vez que o governo precisará de R$ 128 bilhões no próximo ano para atender a meta. De acordo com o projeto orçamentário para 2024, o Executivo estima um superávit primário R$ 2,84 bilhões.
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