Agronegócio
Com as chuvas torrenciais no Sul, trigo vai perdendo os parâmetros de volume e qualidade
A safra recorde brasileira esperada poderá ter uma diminuição ainda não totalmente computada
As chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul já minaram o potencial produtivo do trigo, com lavouras sendo literalmente lavadas pelas águas e dificuldades para as máquinas colherem.
Algumas áreas do Paraná conseguiram colher antes do dilúvio se acentuar desde a semana passada, mesmo assim ainda resta 1/3 na região de Ponta Grossa.
Em tela, também há a qualidade do cereal, que perdeu qualidade nas lavouras gaúchas e vai perdendo mais nas paranaenses.
No cômputo, já foi abandonada a projeção de safra 23/24 recorde no Brasil, que chegou a ser vista em até 11,19 milhões toneladas – em dados de agosto da StoneX -, e ainda que seria pouco menor que o previsto porque os preços fizeram os produtores diminuírem a área.
No Paraná, que perdeu o posto de maior produtor na safra passada, o Deral, que cuida das análises econômicas da agricultura do estado, o relatório divulgado nesta segunda (30) ainda mantém a produção em 3,8 milhões de toneladas, alta de 10%. A produtividade cai um pouco.
Carlos Hugo Godinho, analista do setor, também assinou que a colheita avançou para 84% (1,4 milhão de hectares), mais 14% sobre o ano anterior, sendo 65% das lavouras de trigo estão em boas condições, 30% em situação média e 5% em situação ruim.
“As chuvas da última semana certamente vão impactar a qualidade do que falta”, complementa.
Como, por exemplo, disse o produtor de Ponta Grossa, Ivo Arnt. Ele notou, aliás, que o trigo colhido antes, em Carambeí, Castro e Tibagi, e o já colhido em Ponta Grossa, já não foi de melhor qualidade. “Maior parte vai para ração”,
No Rio Grande do Sul, cujo potencial inicial se imaginava ter a segunda maior safra da história (apesar de uma redução na área) – algo como 4,5 milhões/t -, na comparação com a última, o cenário é mais preocupante já que as chuvas atormentam o estado há muito mais tempo.
Na Abitrigo, que reúne as indústrias de farinha, o presidente Rubens Barbosa preferiu não avaliar o potencial de prejuízo para a temporada.
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