Entenda os Porquês da Possível Alta na Conta de Luz em 2024

A conta de luz de muitos brasileiros pode ficar mais cara em 2024. Isso se deve às condições atuais que não favorecem a geração de energia, levando a um aumento médio de 0,3% nas tarifas de energia elétrica durante os próximos ajustes.

O papel dos encargos de serviço de sistema

Esse acréscimo está ligado ao crescimento dos Encargos de Serviço de Sistema (ESS), que são cobranças feitas na fatura de energia para cobrir os custos de ativar usinas termelétricas em situações específicas.

Essas taxas são essenciais para manter a estabilidade do sistema elétrico nacional e compensam os geradores que, sem essas circunstâncias, não seriam acionados para produzir energia, explica Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ.

Causas do aumento

Vários fatores estão fazendo com que seja necessário usar mais usinas térmicas. O principal deles é o crescimento no consumo de energia, especialmente nos horários de maior demanda. Além disso, a produção de energia eólica diminuiu, e a região Norte está passando por um período de seca, o que afeta a geração de energia hidrelétrica e leva ao maior uso das termelétricas.

Como isso afeta as tarifas

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula anualmente quanto os ESS devem custar e inclui esse valor nos ajustes tarifários das companhias de distribuição de energia.

Para 2024, a estimativa era de que o ESS custaria R$ 142,9 milhões, mas as despesas reais atingiram R$ 842,3 milhões. Com isso, uma diferença significativa de aproximadamente R$ 700 milhões será adicionada aos reajustes.

Mudanças nas bandeiras tarifárias

A Aneel também está atualizando o sistema de bandeiras tarifárias. Agora, há um novo critério para a ativação dessas bandeiras. Se o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisar ativar as usinas termelétricas de maneira extraordinária, o custo dessa operação poderá alterar a cor da bandeira tarifária no período seguinte.

Essa nova regra, se já estivesse em vigor, permitiria que os R$ 700 milhões de ESS adicionais, que surpreenderam e serão cobrados em 2024, fossem cobertos pelo sistema de bandeiras tarifárias, evitando um impacto direto nas tarifas futuras.