Política
Greve dos professores federais recebe críticas de Lula
Categoria reivndica melhores salários.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a prolongada greve dos professores e técnicos das universidades e institutos federais, afirmando que o montante de recursos negociado com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) para recompor os salários dos docentes e servidores é “irrecusável”.
“O montante de recursos que a companheira Esther Dweck [ministra do MGI] colocou à disposição é irrecusável. Quero que levem isso em conta, pois precisamos falar sobre universidades, institutos federais, e os alunos aguardam para voltar às aulas”, disse Lula durante uma reunião pública com reitores de universidades e institutos federais no Palácio do Planalto.
Na ocasião, o presidente anunciou R$ 5,5 bilhões em recursos do Ministério da Educação (MEC) para obras e custeio do ensino técnico e superior, além da construção de dez novos campi universitários e oito novos hospitais universitários federais.
Professores federais
Para Lula, a greve tem tempo para começar e também para terminar, e é necessário que as lideranças sindicais tenham “coragem de acabar com a greve”. “A única coisa que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição, porque isso desmoraliza as pessoas. O dirigente sindical precisa ter coragem de propor, negociar e tomar decisões que nem sempre são ‘tudo ou nada’”, afirmou.
“Eu fui dirigente sindical e nasci no ‘tudo ou nada’. Para mim, era 100% ou nada, 83% ou nada, 45% ou nada. Muitas vezes, fiquei com nada”, relembrou Lula, destacando que a greve atual dos docentes “não tem razão para durar tanto”.
“Não é por 3%, 2% ou 4% que ficamos em greve indefinidamente. Vamos ver os outros benefícios, vocês sabem o que foi oferecido? Conhecem a proposta?”, argumentou o presidente.
Professores e servidores de cerca de 60 universidades federais e mais de 39 institutos federais estão em greve desde 15 de abril. Segundo balanços das entidades, a paralisação atinge mais de 560 unidades de ensino em 26 estados. Eles pedem, entre outras medidas, a recomposição salarial de 4,5% ainda este ano.
Salários defasados
Durante o evento, Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), afirmou que os docentes e servidores técnicos administrativos têm remunerações “muito defasadas”.
“Ainda mais quando comparamos com algumas carreiras que tiveram reajustes recentemente. Há técnicos que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que esta semana o governo e os sindicatos cheguem a uma solução negociada, pacificando a situação”, disse.
Elias Monteiro, reitor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) e do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), pediu que os esforços do governo se concentrem na formação de professores e na valorização dos profissionais da educação, para “fortalecer e possibilitar a melhoria da educação básica e superior”.
“Suplicamos ao governo federal que avance nas negociações para o fim da greve. Reconhecemos que é um movimento legítimo e justo, mas que já gera reflexo com o aumento da evasão escolar e prejuízos ao calendário acadêmico. Sabemos que avanços têm sido feitos, contudo, necessitamos retomar a normalidade o quanto antes”, afirmou.
Negociação
No último dia 3 de junho, representantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) se reuniram com representantes do governo federal.
O encontro ocorreu uma semana após a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) ter assinado um acordo com o MGI, sem a aprovação das outras principais entidades, que têm registro sindical e representam a maioria dos docentes e servidores, o que provocou uma divisão nas categorias. O acordo foi firmado com base em uma contraproposta classificada pelo governo como “proposta final”, mas uma liminar da Justiça Federal de Sergipe anulou o acordo entre o governo e a Proifes.
Os servidores técnicos-administrativos têm mais uma rodada de negociação com o governo prevista para amanhã (11). Com os professores federais, a reunião deve ocorrer na próxima sexta-feira (14). O MGI ressaltou que as pautas em discussão não serão remuneratórias.
Proposta
Em 15 de maio, a pasta apresentou o que chamou de proposta final. O governo oferece aumentos de 13,3% a 31% até 2026, com os reajustes começando em 2025. As categorias com menores salários terão os maiores aumentos. Quem ganha mais terá menor reajuste.
Com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total, informou o MGI, ficará entre 23% e 43% no acumulado de quatro anos. A pasta destacou que o governo melhorou a oferta em todos os cenários e que os professores terão aumento acima da inflação estimada em 15% entre 2023 e 2026.
A proposta anterior previa reajuste zero em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Somado ao reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal no ano passado, o aumento total chegaria a 21,5% no acumulado de quatro anos.
(Com Agência Brasil).
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