Cotidiano
CPF na farmácia dá desconto? Veja o que está por trás disso
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) determina que dados de saúde são ‘sensíveis’ e devem ser mais protegidos.
Muitos consumidores acreditam que fornecer o CPF nas farmácias garante descontos significativos na compra de medicamentos.
Essa prática é amplamente adotada, especialmente quando o preço parece reduzir drasticamente após o fornecimento do número de CPF.
No entanto, o que poucos sabem é que essa suposta vantagem pode estar mais ligada à coleta e uso de dados pessoais do que à oferta de descontos reais.
Por trás da aparente economia, as farmácias estão na verdade criando e mantendo bancos de dados robustos com informações detalhadas sobre as compras de milhões de pessoas.
Tais dados vão além dos simples registros de medicamentos, incluindo informações sobre todos os produtos adquiridos ao longo dos anos. Esse histórico pode ser empregado para diversos fins, inclusive para ganhar em cima das informações.
Farmácias usam de descontos para construir bancos de dados robustos – Imagem: adriaticfoto/Shutterstock
Como funciona a coleta de dados nas farmácias?
Quando um consumidor fornece o CPF na farmácia em troca de um desconto, ele está, na verdade, contribuindo para um vasto banco de dados.
Esses registros incluem informações detalhadas sobre todas as compras realizadas, desde itens simples como cotonetes até medicamentos do tipo tarja preta.
Com o tempo, as farmácias acumulam um histórico de compras que pode se estender por até 15 anos, abrangendo milhões de pessoas no Brasil.
Um exemplo claro do impacto dessa prática pode ser visto na compra de um medicamento genérico, como o anti-inflamatório nimesulida.
Em uma grande rede de farmácias, o preço de uma caixa com 12 comprimidos era de R$ 31,78 sem o uso do CPF, enquanto, com o CPF, o valor caía para R$ 8,50, um desconto aparente de 73%.
Porém, tal desconto pode ser apenas a ponta do iceberg, pois os dados fornecidos pelo cliente alimentam operações comerciais lucrativas para as redes de farmácias.
A monetização dos dados de saúde
As informações coletadas pelas farmácias não são usadas apenas para conceder descontos. Uma subsidiária de uma grande rede de farmácias, chamada RD Ads, emprega tais dados para vender publicidade direcionada.
Anunciantes contratam a RD Ads para direcionar suas propagandas a públicos específicos, com base nas compras realizadas nas farmácias.
Esse modelo de negócios transforma as farmácias em concorrentes de gigantes da tecnologia, como Google e Meta, no mercado publicitário.
No entanto, a prática levanta preocupações significativas, pois envolve o uso de dados sensíveis, como informações de saúde e comportamento dos consumidores.
Dados de saúde são considerados altamente confidenciais e sua manipulação inadequada pode violar a privacidade dos indivíduos.
A utilização desses dados para fins comerciais, sem o devido cuidado, é vista como uma violação dos direitos dos consumidores.
Relação com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil desde 2020, regula a coleta, armazenamento e uso de dados pessoais, incluindo os dados sensíveis.
Segundo a LGPD, as empresas devem obter o consentimento explícito dos consumidores para coletar e utilizar seus dados, especialmente quando se trata de informações sensíveis, como as de saúde.
No contexto das farmácias, é fundamental que os consumidores estejam cientes de como seus dados serão utilizados ao fornecer o CPF.
A lei exige que as empresas sejam transparentes quanto ao uso dos dados e que ofereçam a opção de não fornecer informações pessoais sem prejudicar o acesso aos produtos ou serviços.
As farmácias que utilizam dados de saúde para fins comerciais devem garantir que estão em conformidade com a LGPD, protegendo a privacidade dos consumidores e evitando o uso indevido dessas informações.
Caso contrário, podem estar sujeitas a sanções severas, incluindo multas e a obrigação de reparar danos causados aos consumidores.
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