Quanto o Brasil realmente investe em inteligência artificial?

O Brasil está passando por uma era de transformação digital, e a inteligência artificial (IA) se destaca como um dos pilares dessa mudança.

Conforme um estudo recente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), os investimentos públicos em IA já alcançaram R$ 2 bilhões, com perspectivas de chegar a impressionantes R$ 28 bilhões até 2028.

Entenda o atual cenário dos investimentos em IA no Brasil, destacando as áreas prioritárias e os desafios que o país enfrenta em comparação a potências mundiais.

IA: financiamento e prioridades

Os dados do estudo encomendado pelo jornal O Globo revelam que, entre 2020 e o primeiro semestre de 2023, R$ 1,4 bilhões foram investidos em projetos de inteligência artificial, com um apoio significativo focado em micro e pequenas empresas que operam nos setores de ciência e tecnologia.

Essa estratégia é clara: impulsionar a inovação local e fortalecer o ecossistema empreendedor.

A responsabilidade pela análise de viabilidade dos projetos de IA cabe à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que atua na intermediação de recursos provenientes do BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Com o recém-lançado Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, criado em julho de 2023, espera-se que esses investimentos aumentem para R$ 23 bilhões até 2028.

Contudo, ainda estamos distantes dos valores massivos que países como China e Estados Unidos estão aplicando em tecnologia. A China projeta investimentos de R$ 306 bilhões, enquanto os EUA devem atingir R$ 63 bilhões até 2024.

Dentro do Brasil, os investimentos em IA estão alinhados com um foco em melhorias tanto no setor público quanto no atendimento ao cidadão.

Um exemplo significativo é o Banco do Brasil, que está adotando ferramentas de IA para aprimorar a experiência do cliente. Essas inovações não apenas melhoram o atendimento, mas também tornam os processos internos mais eficientes.

Em Porto Alegre, o Hospital das Clínicas implementou soluções de IA que ajudam a priorizar exames de raio-x e a agilizar a solicitação de próteses.

Ao utilizar algoritmos de IA, o hospital não apenas melhora a precisão no diagnóstico, mas também reduz o tempo de espera dos pacientes, refletindo um benefício direto na qualidade do atendimento à saúde.

Telma Luchetta, Sócia-Líder de Data e Inteligência Artificial da EY na América Latina, aponta que o Brasil ainda se encontra em um estágio inicial no desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial.

Ela destaca que, embora o país esteja apenas iniciando suas atividades nessa área, há um interesse cada vez maior por parte dos bancos em investir nessa tecnologia. A expectativa é que, em um futuro próximo, o Brasil alcance um novo nível de desenvolvimento no setor.

A transformação na prestação de serviços levará tempo, mas Luchetta acredita que em cerca de um ano as circunstâncias estarão em um patamar diferente. Isso sugere que ainda estamos no começo da exploração do potencial oferecido pela inteligência artificial.

O futuro parece promissor e o Brasil tem a chance de se tornar um importante jogador no cenário global dessa tecnologia.