Vitória de Trump mexe com o dólar

A vitória de Donald Trump nas eleições americanas de 2024 pode impactar a relação do dólar com o real e outras moedas emergentes de diferentes maneiras. Tradicionalmente, a política econômica de Trump, com foco em cortes de impostos e estímulos para o mercado interno, tende a valorizar o dólar, especialmente em momentos em que investidores buscam segurança nos ativos americanos. Assim, o dólar poderia se fortalecer frente ao real e a outras moedas emergentes, caso a expectativa seja de que Trump impulsione uma política monetária menos favorável a esses países.

Para o Brasil e outras economias emergentes, esse fortalecimento do dólar pode significar uma pressão inflacionária, já que muitos produtos importados se tornam mais caros em moeda local. O aumento do valor do dólar também encarece o pagamento de dívidas externas, muitas vezes denominadas em dólares, dificultando a situação fiscal para esses países. Além disso, Trump tende a adotar uma postura mais protecionista em relação ao comércio internacional, o que pode limitar o acesso de produtos brasileiros ao mercado americano, impactando negativamente as exportações e pressionando ainda mais o real.

Por outro lado, as tensões que Trump pode reacender com a China afetam o fluxo comercial global e podem beneficiar indiretamente o Brasil, que fornece produtos como soja e carne para o mercado chinês. Contudo, a relação com a moeda americana permanece sensível às políticas fiscais e monetárias que o governo Trump adotar, bem como à postura do Federal Reserve, que pode responder com ajustes na taxa de juros, afetando o fluxo de capital para mercados emergentes.

Índice DXY, às 17h.

Real

O real tem enfrentado um desempenho abaixo de outras moedas emergentes, sendo uma das que mais se desvalorizaram em 2024. Em um cenário em que o dólar está mais forte, devido ao aumento das taxas de juros nos EUA, o real teve uma queda acentuada, ultrapassando até o peso argentino como a moeda de pior performance entre as emergentes. A desvalorização do real é atribuída a fatores como a insegurança política interna, principalmente em relação às contas públicas do Brasil, e ao fluxo de saída de capital estrangeiro, que está sendo influenciado por um risco fiscal crescente no país.

Esse cenário coloca o real em uma posição delicada entre as moedas emergentes, refletindo uma fragilidade econômica que impacta diretamente na competitividade da moeda frente ao dólar e outras divisas internacionais.