Economia
CEO do Carrefour cogita suspender a venda de carnes do Mercosul
Na França, há protesto de agricultores locais.
O CEO do Carrefour (CRFB3), Alexandre Bompard, anunciou em suas redes sociais dia 20 que a rede varejista não irá comercializar carnes provenientes de países do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai —, independentemente dos preços ou volumes oferecidos.
A declaração foi feita em carta endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), e ocorre em meio aos protestos de agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Desde a última segunda-feira (18), manifestações organizadas pela FNSEA e pelos Jovens Agricultores (JA) têm bloqueado rodovias e queimado objetos em protesto.
Bompard afirmou que a decisão reflete o “desânimo e a raiva” expressos pelos produtores rurais e alertou que o acordo comercial pode introduzir ao mercado francês carne que não atende aos padrões exigidos localmente. Ele também manifestou a expectativa de que a posição do Carrefour influencie outras empresas do setor agroalimentar, especialmente no mercado de catering, que representa mais de 30% do consumo de carne na França.
Apesar do anúncio, o Grupo Carrefour Brasil informou que a decisão não afeta suas operações no país.
Carrefour (CRFB3): Repercussão no Brasil
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou duramente a posição do Carrefour, classificando-a como “ação orquestrada” de empresas francesas contra o Brasil. Fávaro afirmou estar indignado e destacou declarações recentes do diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, sobre a substituição da soja brasileira por alternativas asiáticas, em antecipação à Lei Antidesmatamento da União Europeia.
Para Fávaro, tais posicionamentos são parte de uma estratégia para justificar a resistência da França ao acordo entre Mercosul e União Europeia. Ele acusou o Carrefour de apresentar informações “inverídicas” sobre a produção brasileira, que, segundo ele, é sustentável e respeita padrões internacionais.
“Parece que estão buscando pretextos para manter a França contra o acordo. Seria mais legítimo apenas se posicionar contra a proposta, sem atacar a produção brasileira”, concluiu o ministro.
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