Petrobras: Geração de caixa se consolida como ponto forte

A Petrobras (PETR3; PETR4) segue demonstrando sua robustez financeira, com a geração de caixa sendo um dos principais trunfos da companhia, apesar dos impactos da alta do dólar sobre suas contas em 2024. Essa é a avaliação do diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, Fernando Melgarejo.

Durante a conversa, realizada nesta quinta-feira (27), Melgarejo destacou que a empresa gerou um fluxo de caixa operacional de R$ 204 bilhões no ano, mesmo registrando um lucro líquido de R$ 36,6 bilhões, 70% inferior ao de 2023. No quarto trimestre, a Petrobras teve um prejuízo de R$ 17 milhões, resultado atribuindo à valorização do dólar, que encerrou 2024 cotado a R$ 6,18, uma alta de 27% no ano.

“Uma das grandes fortalezas da Petrobras é a sua geração de caixa. Somos a empresa com maior fluxo de caixa, o que nos permitiria, por exemplo, adquirir grandes bancos”, afirmou o executivo.

Investimentos e Distribuição de Dividendos

A geração de caixa robusta permitiu à companhia reduzir sua dívida financeira bruta em cerca de 10%, atingindo o menor patamar desde 2008, de US$ 23 bilhões. Além disso, a Petrobras distribuiu R$ 102,6 bilhões em dividendos, beneficiando principalmente o governo federal, que é seu maior acionista.

“Os dividendos pagos ao governo retornam à sociedade por meio das contas públicas”, frisou Melgarejo.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou recentemente a distribuição de mais R$ 9,1 bilhões em dividendos, proposta que será analisada na Assembleia Geral Ordinária marcada para 16 de abril.

A empresa também se destacou na arrecadação tributária, tendo pago R$ 270 bilhões em impostos em todas as esferas de governo em 2024, o segundo maior volume de sua história.

Em relação a investimentos (CaPex), a Petrobras aplicou R$ 91 bilhões, 30% a mais que em 2023, o que ajudou a gerar 250 mil empregos diretos e indiretos. Já as operações de manutenção (OpEx), que demandaram R$ 350 bilhões, sustentam cerca de 2 milhões de empregos no país.

“Estamos falando de empregos qualificados, que utilizam tecnologia de ponta e agregam alto valor à sociedade”, ressaltou o diretor.

Impacto do Dólar nas Contas da Estatal

Melgarejo explicou que a valorização do dólar impactou os resultados financeiros da Petrobras devido às suas obrigações com subsidiárias em outros países, como na Holanda e nos Estados Unidos. Com a alta da moeda americana, o custo com essas unidades aumentou, resultando em despesas financeiras contábeis.

Por outro lado, as subsidiárias também recebem receitas em dólar valorizado, mas esses valores são registrados no patrimônio líquido, e não diretamente no resultado contábil.

“O impacto da valorização cambial se compensa ao longo do tempo. Isso não afetou a saúde financeira da companhia”, explicou o executivo.

Se não houvesse o impacto cambial, o lucro da Petrobras em 2024 saltaria de US$ 7,5 bilhões (R$ 36,6 bilhões) para US$ 19,4 bilhões (R$ 103 bilhões). Com a estabilização da moeda no primeiro trimestre de 2025, a estatal pode registrar um acréscimo de US$ 2 bilhões no lucro do período.

Política de Preços e Mercados

Mesmo com os impactos cambiais, a Petrobras defende a atual política de preços dos combustíveis, que se distanciou do antigo modelo de Paridade de Preço Internacional (PPI), adotado entre 2016 e 2023.

Agora, os valores são definidos levando em conta o custo da produção nacional e a participação da estatal no mercado, evitando a transmissão direta da volatilidade global ao consumidor brasileiro.

“Nosso objetivo é reduzir a volatilidade dos preços”, afirmou Melgarejo. Ele destacou que, ao longo de 2024, a gasolina teve apenas um reajuste, em julho, e o diesel permaneceu sem alterações até fevereiro de 2025.

A companhia também ressaltou a boa geração de caixa do setor de refino, que somou R$ 31 bilhões, apesar da queda de 39% no crackspread do diesel – diferença entre o preço do combustível no mercado internacional e o do petróleo bruto. Esse fenômeno impactou refinarias no mundo todo devido à menor demanda no hemisfério norte.

“Mesmo com a redução do crackspread, tivemos uma boa geração de caixa no refino, provando que nossa estratégia comercial está alinhada às melhores práticas”, afirmou o diretor.

Expansão e Busca por Reservas

Sobre possíveis aquisições de ativos de outras petroleiras, Melgarejo disse que a empresa avalia oportunidades, mas não tem planos imediatos para grandes aquisições.

“Se houver uma oportunidade de criação de valor para nossos acionistas, analisaremos com atenção”, declarou.

A estatal foca seus esforços na exploração da Margem Equatorial, no litoral norte do Brasil, que é vista como um novo pré-sal, embora ainda dependa de licença ambiental do Ibama. Outro ponto de interesse é a Bacia de Pelotas, no litoral sul, que possui características semelhantes às regiões do Uruguai e África, onde há indícios de grandes reservas de petróleo.

Com uma gestão focada na geração de caixa e na sustentabilidade financeira, a Petrobras segue buscando novas oportunidades para manter sua posição de liderança no setor de energia.

(Com Agência Brasil).