Economia
G20 sela acordo histórico sobre dívida para apoiar países mais pobres afetados pela Covid
Autoridades financeiras do grupo concluíram que é necessário mais auxílio do que o atual congelamento dos pagamentos oficiais de dívidas.
Os Estados Unidos, a China e outros membros do G20 fecharam um acordo inédito nesta sexta-feira sobre uma nova abordagem conjunta para reestruturar dívidas governamentais, conforme a pandemia de coronavírus deixa alguns países mais pobres sem condições de arcar com suas obrigações.
A Zâmbia disse recentemente que não conseguiria honrar um cupom de Eurobond em atraso até o prazo final desta sexta-feira, deixando o país a caminho de se tornar o primeiro na África a declarar um default soberano em meio à pandemia. A situação impulsionou o acordo.
As autoridades financeiras do grupo concluíram que é necessário mais auxílio do que o atual congelamento dos pagamentos oficiais de dívidas, que acaba no fim de junho, argumentando a decisão com a escala da pandemia da Covid-19 e “as vulnerabilidades significativas da dívida e as perspectivas de deterioração em muitos países de baixa renda”.
A expectativa é de que os principais credores, incluindo a China, sigam as diretrizes comuns acertadas pelo G20, que definem como a dívida insustentável pode ser reduzida ou reescalonada.
A estrutura conjunta é uma conquista histórica e deveria elevar a participação do setor privado e acelerar a resolução nos casos em que as dívidas eram insustentáveis, disse nesta sexta-feira a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Cristalina Georgieva.
“Vamos ser muito francos aqui. Não estamos fora de perigo. Esta crise não acabou. Precisamos de mais apoio por meio do alívio da dívida e de novos financiamentos”, afirmou Georgieva a autoridades do G20. Há necessidade de financiamento de 345 bilhões de dólares até 2023 somente nos Estados africanos, exemplificou ela.
Na visão de grupos não governamentais, o acordo deveria ter ido adiante ao incluir países de renda média e obrigar investidores privados a permitirem cancelamentos.
Segundo uma autoridade sênior do Departamento do Tesouro dos EUA, o governo norte-americano está aberto a expandir a estrutura conjunta para incluir países de renda média e pequenos Estados insulares, postura que ainda não é compartilhada por todos os membros do G20.
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