Empresas
Sabesp aposta em novos leilões de saneamento no Brasil
Leilão de áreas da fluminense Cedae deverá ser o próximo certame que contará com a participação da companhia.
A Sabesp, companhia de água e saneamento do Estado de São Paulo, anunciou nesta terça-feira que está pronta e vai participar de novos leilões no setor em outros Estados, depois de ficar em segundo lugar em um certame realizado em setembro, o primeiro após da atualização do marco legal brasileiro.
Durante teleconferência sobre os resultados da empresa no terceiro trimestre, presidente da Sabesp, Benedito Braga Junior, disse a analistas e jornalistas: “Vamos participar de futuros leilões com certeza”.
Perguntando por uma analista se não via problema da Sabesp ainda não ter universalizado os serviços de saneamento e água nos municípios onde atua em São Paulo e já buscar ativos em outros Estados, Braga garantiu que “não tem conflito nenhum ir para licitação fora do Estado e universalizar em São Paulo, não vejo problema nenhum”.
A empresa fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de 421,6 milhões de reais, recuo de 65% ante igual período de 2019, resultado em parte por uma forte base de comparação com o ano passado.
No final de setembro, a empresa participou do leilão de ativos da empresa alagoana de água e esgoto Casal. Sua parceria com a Iguá Saneamneto e o consórcio ofereceu o segundo maior lance do certame, de outorga de cerca de 1,5 bilhão de reais. Contudo, o valor ficou abaixo dos 2 bilhões oferecidos pela vencedora do leilão, a BRK Ambiental.
“A Sabesp está pronta para participar de concorrências pelo Brasil afora sempre que julgar oportuno”, disse em teleconferencia o diretor financeiro da companhia, Rui Affonso.
Entre os próximos alvos da Sabesp está o leilão de áreas da fluminense Cedae, certame que foi retomado nesta semana e que pode ocorrer até o fim do primeiro trimestre de 2021.
A Cedae é um desafio “bastante importante. É uma opção de grande porte que vamos ter que nos debruçar para verificarmos a conveniência ou não… não temos ainda posição firmada sobre a Cedae. Podemos participar ou não”, disse Braga.
Affonso afirmou ainda, do ponto de vista de dívida, que a empresa está “absolutamente disciplinada” e que “está longe de ter qualquer problema de endividamento”.
A companhia deve sacar até o final do ano toda a linha de crédito sem garantia de 950 milhões de reais disponibilizada em duas tranches pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), informou Mário Sampaio, superintendente de captação e relações com investidores.
Aproximadamente 50% dos recursos do BID serão destinados ao refinanciamento da empresa e o restante vai para projetos de usinas de energia solar e de despoluição do rio Pinheiros, um objetivo anunciado pelo governador paulista João Doria (PSDB) para ser cumprido até 2022.
De acordo com Braga, a Sabesp tem atuado há seis meses na despoluição do rio e já conseguiu conectar à rede coletora e de tratamento 15% dos cerca de meio milhão de imóveis geradores de esgoto descarregado atualmente no rio.
“Estamos dentro do prazo. A diferença (na qualidade da água do Pinheiros) só vai poder ser vista em 2022. Não dá para ter resultado antes disso”, disse ele.
Enquanto a companhia faz os investimentos em água e saneamento e avalia entrar de leilões fora de São Paulo, a política de pagamento de dividendo mínimo obrigatório de 25% continuará em vigor, garantiu o presidente da Sabesp ao ser questionado se a Sabesp poderia elevar o percentual.
“Não pretendemos mudar a política de 25% enquanto não estiver todo o nosso sistema de municípios universalizado com 100% de água, 100% de coleta e 100% de tratamento de esgoto”, explicou.
Na teleconferência, Affonso afirmou que a região metropolitana de São Paulo tem recebido menos chuva que a média histórica, mas que a situação está “controlada até o momento” no conjunto de reservatórios.
De outubro a setembro, no ano hidrológico, o sistema Cantareira recebeu 74% da média histórica de chuvas. Somente em outubro, as chuvas no sistema ficaram em 57% da média. O Cantareira um dos principais sistemas que abastecem a região metropolitana de São Paulo.
Já volume dos mananciais da região metropolitana de São Paulo em outubro chegou a 45,7% da capacidade, contra 58,9% um ano antes.
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