Commodities
PIB do agronegócio deve crescer 3% em 2021 após salto de 9% em 2020, diz CNA
Entidade destacou que há preocupações climáticas para as principais safras que podem afetar a oferta de grãos.
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio do Brasil aumentará 3% em 2021, ao passo que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) crescerá 4,2% no próximo ano, projetou nesta terça-feira a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Contudo, a entidade destacou que há preocupações climáticas para as principais safras que podem alterar a oferta de grãos. O setor desacelerar no ano que vem em relação a este ano, com avanço do PIB projetado em 9% e um crescimento de 17,4% no VBP.
Segundo o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, a expansão será mais moderada em 2021 devido a uma menor alta de preços, considerando que os valores dos principais produtos tocaram recordes em 2020 em meio à pandemia e à desvalorização do real.
“Um PIB de 3% acima de 9% ainda é muita coisa, é um crescimento robusto sobre este ano, os preços não vão ter muito aumento e a produção vai crescer”, disse Lucchi.
CNA estimou ainda, em nota sobre perspectivas para 2021, um equilíbrio entre oferta e demanda apesar da previsão de produção maior para grande parte dos alimentos.
Na questão dos preços, os técnicos frisaram que a pandemia desregulou os mercados, gerando fortes altas, que inclusive no país estiveram associadas ao pagamento dos auxílios emergenciais, que elevaram a demanda por alimentos básicos.
Mas a CNA disse que um dos fatores que pode definir o cenário para o próximo ano será a intensidade do La Niña, fenômeno climático capaz de afetar especialmente a colheita da região Sul do Brasil, resultando em impactos nos preços.
“Tem a questão climática que vai afetar seriamente a oferta…”, disse o especialista, citando o atraso no plantio da soja e suas consequências na segunda safra.
“Certamente vai comprometer a safra de milho do ano que vem (plantada após a soja), a safra de milho verão do Rio Grande do Sul também foi afetada”, acrescentou.
“Não vamos deixar de ter uma safra recorde, mas poderíamos ter uma safra muito maior, não fosse a questão climática… Em milho, temos preocupação, a produção vai estar muito ajustada com o consumo”.
Produtores de soja, milho e algodão, que têm mais ferramentas para travar os custos com vendas antecipadas, deverão sofrer menos com questões ligadas aos preços dos insumos, que tendem a ser impactados ainda pelo câmbio, disse a CNA.
Além disso, o preço do milho, um dos principais componentes das rações para animais, está em patamares recordes, e as indicações de especialistas são de que as cotações seguirão firmes até pelo menos a entrada da segunda safra brasileira, a maior do cereal do país, apenas em meados de 2021.
Meio ambiente
Sobre a preocupação com questões associadas à preservação de meio ambiente e avanço da agropecuária, e seus impactos nos mercados globais para o Brasil, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que o país “não está de braços cruzados” e tem atuado em parceria com o governo em programas de rastreabilidade, como o que ocorre no setor da pecuária.
O governo brasileiro tem que determinar “claramente quais são as obrigações ambientais que serão cobradas dos produtores rurais”, considerando que o país já possui uma “lei ambiental rigorosa”, e pode cumprir as demandas internacionais, acrescentou Martins.
O superintendente técnico explicou que o Brasil precisa terminar de implementar temas do Código Florestal, como os pagamentos por serviços ambientais, e realizar a regularização fundiária, para que seja possível saber quem faz desmatamento ilegal e aquele que abre áreas com o consentimento da lei.
PECs no Congresso
Uma recuperação sólida da economia dependerá da “superação de desafios internos como a aprovação das reformas administrativa e tributária”, avaliou a entidade.
A CNA acredita que as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que abordam a reforma tributária em discussão no Congresso Nacional “impactam o setor e a sociedade negativamente”.
“A CNA defende uma simplificação do sistema tributário e afirma que continuará atuando para evitar a elevação dos custos de produção da atividade agropecuária para manter a competitividade do Brasil no comércio internacional, além de impedir uma alta dos preços dos alimentos para a população em função de uma carga tributária maior para os alimentos”, disse.
Por isso, é preciso avançar em “políticas públicas que garantam isenção tributária para os produtos da cesta básica”.
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