Com IPO na mira, Caixa testa modelo de negócio de banco digital

A Caixa Econômica Federal criou no ano passado uma poupança social digital para realizar os pagamentos do auxílio emergencial. Para facilitar a movimentação dos valores, o banco desenvolveu o aplicativo Caixa Tem. Entretanto, mesmo com o fim do benefício em dezembro de 2020, a instituição optou por manter o aplicativo, com a ideia de torná-lo um banco digital.

A estratégia é tornar a conta digital rentável e, consequentemente, fazer da Caixa uma opção atrativa para investidores, uma vez que o banco pretende abrir capital na Nasdaq, bolsa de valores dos Estados Unidos.

No ano passado, foram mais de 100 milhões de contas abertas para o repasse do auxílio e demais benefícios emergenciais liberados pelo governo. De acordo com a Caixa, metade dos usuários são recorrentes, ou seja, voltam a utilizar o aplicativo para outros serviços. Assim, o banco pretende reforçar esses números enquanto aguarda a autorização do Banco Central para iniciar o processo da oferta inicial de ações (IPO).

Para isso, a instituição deve liberar em breve outros benefícios sociais pelo aplicativo, tais como o Casa Verde e Amarela e o programa Bolsa Família, o que pode resultar em até 22 milhões de novos usuários para a conta digital. A intenção é que, futuramente, todos os benefícios do governo sejam pagos via Caixa Tem. Desta forma, com a taxa paga pelo governo pelas operações, será possível obter a rentabilidade do serviço.

Além disso, a Caixa também será a gestora dos recursos do seguro DPVAT, destinado à vítimas de acidentes de trânsito. Assim, as indenizações serão pagas por meio da conta digital Caixa Tem. Essa medida deve resultar em um fluxo de 600 mil novos clientes por ano.

Outros serviços devem ser incluídos para ampliar o Caixa Tem. Além de seguros, a Caixa também deve oferecer microcrédito e cartões. Para tornar o aplicativo ainda mais completo, a instituição também planeja criar um marketplace em parceria com varejistas.

Com tais mudanças, a Caixa pretende focar em produtos e serviços destinados à população de baixa renda, com foco nos desbancarizados, ou seja, cidadãos que não possuem conta em bancos.

Segundo fontes, a Caixa já recebeu a primeira aprovação do Banco Central para a criação do banco digital. Até o momento, a instituição não contratou bancos de investimento para fazer a estruturação da abertura de capital. Sendo assim, é provável que o IPO da Caixa Seguridade, divisão de seguros do banco, ocorra antes. A operação deve movimentar cerca de R$ 15 bilhões.